O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), defendeu nesta quarta-feira o adiamento do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa na CPI Mista sobre a estatal.
"Em processo de delação premiada não se pode falar nada. Defendi que deveria ter um depoimento apenas após o término da delação. Agora seria perda de tempo", afirmou o peemedebista, ao chegar para a posse do ministro Ricardo Lewandowski como novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder do PMDB considerou ainda como "muito ruim" os vazamentos das primeiras informações prestadas por Paulo Roberto Costa. "Acho muito ruim com qualquer um quando saem ilações desse tipo. O Henrique vai se defender do quê?", afirmou o deputado, referindo-se ao presidente da Câmara.
Eduardo Cunha participou no início da tarde desta quarta-feira de reunião entre líderes do Congresso que acertou o depoimento de Costa para a próxima quarta-feira, 17. No encontro, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também se posicionou pelo adiamento do depoimento do ex-diretor da estatal, alegando que ouvi-lo neste momento seria "perda de tempo".
A reunião ocorreu no gabinete do presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB/PB), e também contou com a participação de lideranças do PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e do relator da comissão, Marco Maia (PT-RS). Com maioria no encontro, integrantes da oposição conseguiram marcar o depoimento do ex-diretor para a próxima semana.
Procurado pela reportagem, o senador Humberto Costa foi questionado sobre os motivos de ser contra a ida do delator à CPMI.
Num segundo momento da entrevista, o senador usou um tom mais ameno e afirmou que, apesar da "perda de tempo", não há problema de Costa ir depor na Comissão. "Que ele venha, mas vai ser uma perda de tempo. Ele não pode falar. Acho que, pelo acordo da delação premiada, ele não pode sequer revelar o teor."
Vazamentos
O líder do PT no Senado não escondeu, entretanto, o temor de novos vazamentos caso os documentos referentes à delação do ex-diretor sejam compartilhados com o Congresso. "O que falei também é o cuidado com esse acesso ao depoimento, se acontecer. Tenho a impressão de que o ministro Teori Zavascki (relator do processo no STF) não vai liberar. Mas, se liberar, aqui não tem sigilo de nada. São várias coisas: de um lado, o fato de que isso vazando pode fazer com que muita gente destrua provas, desapareça. Por outro lado, pode se fazer luta política com situações que podem não estar claramente definidas, de participação de alguém.