O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), decidiu trancar a porta do cofre. Com a arrecadação abaixo do esperado e por medo de infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita despesas no setor público, o chefe do Poder Executivo municipal publicou decreto proibindo gastos e remetendo a uma comissão decisões sobre contratação de mão de obra e serviços pela prefeitura. Na decisão, Lacerda fixou o último dia 4 como data-limite para empenho de despesas, excluídas rubricas como gastos com pessoal e dívida pública.
A prefeitura não revelou qual o volume de recursos que pretende economizar com o decreto, e que o texto “visa adequar a programação da execução orçamentária e financeira às exigências de ajustes estabelecidos pela legislação”, segundo nota enviada pela assessoria de Lacerda. O comunicado diz ainda que “assim como todos os governos, a Prefeitura de Belo Horizonte tem problemas para adequar as sazonalidades relacionadas a ingressos e desembolsos de recursos”.
O vereador Pedro Patrus (PT), que faz oposição a Lacerda na Câmara Municipal, afirma que a contenção de gastos prevista no decreto de Lacerda, publicado no dia 9, se repetiu em anos anteriores. A diferença, conforme o parlamentar, é que em 2014 a decisão foi tomada mais cedo. “Antes era em outubro. Adiantaram em 2014 porque a arrecadação está abaixo da expectativa”, diz o vereador.
Pedro Patrus relata que a prefeitura justifica a decisão de cortar despesas por gastar com obras na cidade. Não sei para onde está indo o dinheiro. “Falam que gastam com as obras e estão sem dinheiro mas, ao mesmo tempo, enviam um projeto de lei para a Câmara prevendo anistia para o pagamento do IPTU atrasado”, argumenta o vereador. “Temos muitas obras em Belo Horizonte, mas a maior parte é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal”, diz.