Brasília – Se a economia brasileira avançar 0,5% até dezembro, número apontado nas previsões mais otimistas, a presidente Dilma Rousseff (PT) acabará o atual mandato com média de crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1,6%. Ficará abaixo dos dois antecessores, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atingiu 4%, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com 2,3%. Em outro item, porém, ela bate ambos: nunca os bancos lucraram tanto quanto em seu governo. O tema está no centro do debate eleitoral, com troca mútua de acusações entre Dilma e a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, sobre o suposta propensão de cada uma para favorecer a banca. Nessa quarta-feira, houve novas declarações de ambas (leia mais).
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Nos três anos completos de Dilma, o sistema financeiro nacional lucrou R$ 115,75 bilhões. É quase o dobro dos R$ 63,63 bilhões somados em oito anos do governo Fernando Henrique, em valor atualizado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2013. Sob Lula, os ganhos atingiram R$ 254,76 bilhões. Na média anual, a ocupante do Planalto fica com R$ 38,58 bilhões; Lula com R$ 31,84 bilhões; e FHC com R$ 7,95 bilhões.
Este ano, os ganhos estão em alta.
“As instituições financeiras do Brasil não estão entre as maiores do mundo em ativos,
AVALIAÇÕES O analista do sistema financeiro José Luís Rodrigues, da JL Rodrigues, explicou que os resultados foram piores no governo FHC porque o sistema financeiro passou por adaptações para se adequar à baixa inflação. “Foi um ajuste difícil. Depois veio a bonança do governo Lula, graças, sobretudo, ao ambiente internacional favorável”, avaliou.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon), Carlos Eduardo de Freitas, as instituições financeiras são vistas com preconceito por políticos e parte da sociedade. “Não vejo razão para que o lucro seja baixo”, apontou Freitas, ex-diretor do Banco Central (BC).
Na sua opinião, Dilma e Marina erram ao trocar acusações que têm como foco o sistema financeiro. O ex-diretor do BC discorda de que o governo petista proporcione uma “bolsa banqueiro” por meio dos juros altos, como disse Marina, e também que a proposta da socialista de autonomia do BC coloque em risco empregos, um argumento de Dilma. “Se houvesse autonomia hoje, os juros seriam mais baixos, porque a credibilidade seria maior.” Nesse sistema, o presidente do BC usa os instrumentos de política monetária para alcançar a meta fixada pelo Executivo. “Se ele enfrentar dificuldades porque o governo não faz sua parte ao conter gastos públicos, pode dizer isso claramente, em público”.
Para Freitas e Rodrigues, embora os banqueiros estejam satisfeitos com o desempenho atual dos negócios, eles temem pelo que possa ocorrer a médio e longo prazos. “Há risco de queda na lucratividade.
Meirelles é cotado
As especulações sobre quem será o ministro da Fazenda num eventual segundo governo de Dilma Rousseff ganharam mais um nome ontem: o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que esteve no comando da instituição nos dos mandatos de Lula. Seria, inclusive, o ex-presidente o responsável por reaproximar Meirelles de Dilma. Desde que deixou o governo, em 2010, a relação deles é tida como “inexistente”, fato que levou o ex-presidente do BC a quase declarar apoio a Marina Silva. Só não o fez, confidenciam interlocutores do Planalto, por causa de um pedido pessoal de Lula, que sempre tentou emplacar Meirelles na Fazenda. (Deco Bancillon)
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