A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deverá analisar se há prevenção (ou seja, indicação automática) do relator para julgar novos processos sobre os mesmos fatos, mesmo que o ministro tenha sido vencido em julgamento anterior. Essa questão afeta diretamente os réus na Operação Caixa de Pandora, que revelou o esquema conhecido como "Mensalão do DEM". Ou seja, essa decisão afeta o ex-governador e candidato do PR ao Governo do Distrito Federal (GDF) José Roberto Arruda. O caso será analisado a pedido do Ministério Público Federal.
O STJ destaca que a decisão é fundamental para Arruda porque ele aguarda decisão em medida cautelar distribuída por prevenção ao ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Nessa medida cautelar, a defesa do candidato solicita liminar para suspender os efeitos da condenação por improbidade, que tornou Arruda "ficha suja" e, por consequência, inelegível, até que o recurso especial seja analisado pelo STJ.
A questão da perda da prevenção foi levantada pelo próprio ministro Napoleão, durante julgamento na Primeira Turma, na última terça-feira (9). Este recurso especial de Arruda foi distribuído ao ministro Napoleão por prevenção. Isso porque em julgamento de recurso de outro réu na Operação Caixa de Pandora (o ex-deputado Leonardo Prudente), foi Napoleão quem proferiu o voto vencedor, sobrepondo a posição do então relator originário, ministro Ari Pargendler.
No julgamento do recurso de Arruda desta semana, entretanto, a posição do ministro Napoleão ficou vencida, e pela regra do Regimento Interno do STJ, assume a relatoria o ministro relator para o acórdão, no caso, Benedito Gonçalves. Caso a Corte Especial decida que não há mais prevenção do relator vencido, a liminar de Arruda deverá ser decida pelo ministro Benedito Gonçalves.
Napoleão entende que a decisão da Corte Especial definirá quem será o relator para os futuros casos que chegarem ao STJ sobre a Operação Caixa de Pandora. "Há, neste momento, pedidos urgentes no meu gabinete com relação à Operação Caixa de Pandora", disse o ministro, conforme informa o STJ.