São Paulo - A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) voltou a defender a realização de um plebiscito para a reforma política. "Nós não estamos conformados com o sistema político. Avançamos na democracia, incluindo milhões de pessoas, mas o sistema político ficou atrasado", disse nesta sexta-feira, durante sabatina do jornal O Globo. Segundo a petista, não é possível fazer uma reforma simplesmente "mandando um projeto para o Congresso". "A única forma de ter sustentação é fazer uma consulta popular. E consulta popular não é uma coisa retórica", afirmou.
Dilma afirmou que "todo mundo quer governar com os bons, ninguém quer governar com os maus", mas disse que a democracia não pode abrir mão dos partidos. "Acredito em partidos. Se você me perguntar: "tem partido demais?". Eu digo que tem sim. Mas não sou eu que tenho que decidir qual partido é excessivo. É o público através de um plebiscito", disse.
Segundo ela, apesar de existir uma crise de representatividade, há partidos no País que têm compromissos históricos. "O meu partido, o PT, tem uma historia de luta... O PMDB é um partido que lutou para democratização. Eu sou de um época, que as pessoas eram presas", afirmou, Dilma. Emocionada, Dilma agradeceu a jornalista Miriam Leitão, que também declarou ter sido torturada na ditadura, por ela ter a defendido. Aliás, Míriam queria te agradecer pela coragem de dizer, quando te perguntaram, se você achava que eu tinha sido torturada, você disse que sim. Eu não vou deixar nunca de te dar dois beijos. Porque, gente de caráter é assim", disse.
Questionada sobre as críticas que faz a Marina sobre sua provável falta de apoio no Congresso e a sua própria dificuldade, mesmo com amplo apoio, de fazer uma série de mudanças necessárias, Dilma disse que ela negocia "tudo aquilo que você acredita que não vai prejudicar a soberania, o interesse do seu país". "Passei por muitas, me orgulho muito da reforma dos portos. Tive que ganhar oito votações consecutivas para que esse país tivesse portos chamados terminais de uso privativo", destacou. "Perdi horrores também, perdi e ganhei também. Outras coisas eu não tinha condição de ganhar. O Lula, que também estava em boa condição, perdeu a CPMF", exemplificou.