Estacionado em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, recebeu neste domingo, 14, no Rio o apoio explícito do ex-jogador Ronaldo Fenômeno. Amigo do presidenciável, ele já havia declarado seu voto em Aécio, mas pela primeira vez acompanhou o candidato em uma agenda de campanha. Em evento na Central Única das Favelas (CUFA), na zona norte carioca, ele defendeu um olhar que vá além da segurança pública para as comunidades, com políticas de qualificação e geração de renda.
Aécio e Ronaldo chegaram juntos à CUFA, em Madureira, na zona norte carioca, onde participaram do lançamento do livro "Um país chamado favela", de Celso Athayde, fundador da CUFA, e Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular. Juntos, ensaiaram um tímido jogo de capoeira e se arriscaram na "dança do passinho".
"O povo está cansado de tanta corrupção e a gente tem que mudar isso. Vamos começar agora a partida para virar esse jogo e fazer o Brasil crescer no caminho certo", disse Ronaldo a uma plateia de jovens. O cabo eleitoral famoso foi mais aplaudido que o presidenciável, que recebeu palmas e algumas poucas vaias.
De acordo com a publicação da CUFA, 76% dos moradores das favelas acham que sua vida melhorou nos últimos anos por esforço próprio ou com a ajuda de Deus. Apenas 1% creditam a mudança ao governo. O candidato do PSDB citou o dado para criticar o discurso do governo Dilma Rousseff sobre as mudanças geradas pelas políticas de distribuição de renda do PT.
"Esse discurso de que o Estado é que transformou a sua vida é uma grande enganação", disparou, afirmando que o papel do Estado é ser um parceiro na geração de renda e prestação de serviços. O candidato afirmou que a presença das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas é apenas um primeiro passo e prometeu estender a todo o País os programas de qualificação e renda Mutirão de Oportunidades e Poupança Jovem, que desenvolveu durante seu governo em Minas Gerais.
Na saída, Aécio voltou a criticar as campanhas de suas principais adversárias na corrida eleitoral. O tucano disse que a proposta do PT fracassou pelo "absoluto descompromisso com a ética que envergonha a todos os brasileiros" e pela má condução da economia. "O Brasil parou de crescer. E parando de crescer para de gerar empregos. Por isso a candidata do PT terá muita dificuldade em vencer as eleições", disse.
Aécio afirmou que o programa econômico do PSDB é desenvolvido por pessoas qualificadas e tem condições de inspirar aos mercados credibilidade e respeitabilidade: "Para atender os mercados? Não. Para voltarmos a crescer e dar emprego".
Em seguida, voltou sua artilharia contra a presidenciável Marina Silva (PSB) reafirmando que sua candidatura não adquiriu condições de governabilidade. "Repito: o Brasil não é para amadores", disse. O candidato do PSDB afirmou que tem um projeto coerente com seu passado e que não muda de posição ao sabor dos ventos. Indagado sobre a perda de apoio nessa fase da campanha, Aécio se limitou a admitir que o quadro das eleições mudou completamente após a morte do então candidato Eduardo Campos (PSB).
"As coisas mudaram, mas minhas convicções são as mesmas. Errado seria eu mudar de ideia porque alguém "twitou" contra uma proposta minha ou porque preciso agora agradar a um setor da economia porque tem votos, mesmo que lá atrás, como no caso do agronegócio com a Marina, tenha sido frontalmente contrário, por exemplo, ao avanço dos transgênicos", afirmou.
Apesar de estar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Aécio Neves fez questão de se mostrar confiante. Ele afirmou que acredita em uma virada até o dia 5 de outubro, data do primeiro turno das eleições. "Minha expectativa é que depois de várias ondas nesta eleição está chegando a hora da onda da razão. E na onda da razão somos nós que vamos vencer as eleições", disse. No dia 25 de agosto, Aécio classificou o desempenho da candidata Marina Silva como uma onda nas pesquisas eleitorais.