“Não, obrigado, já tenho”, diz um senhor que passava pela Rua Pernambuco, em frente a um colégio. Também virando as costas, duas senhoras seguem em frente, fugindo do panfleteiro. Vida difícil, mas ainda tem gente que dá atenção e se surpreende ao saber que quem está ali, sem um batalhão de apoiadores vestindo a camisa e câmeras e flashes em volta, é um candidato ao governo. Assim é a campanha de quem concorre sem dinheiro para contratar gente para fazer muito barulho e multiplicar sua presença pelos vários cantos do estado.
Bem diferente dos dois principais candidatos ao governo que polarizam a disputa, o petista Fernando Pimentel e o tucano Pimenta da Veiga, geralmente recebidos com fogos de artifício e um batalhão de militantes entoando gritos de guerra, o publicitário Fidélis (Psol) chegou andando ao Colégio Santo Antônio em um dos atos quase solitários de campanha. Veio de casa com um candidato a deputado da Frente de Esquerda e outro militante. “Toda hora é hora, hoje aproveitei para panfletar pertode casa”, diz. Com pouca estrutura, a seleção dos locais de campanha é estrategicamente justificada: “Os estudantes gostam muito da gente, nos procuram nas redes sociais. Teve uma que se apresentou e ficou distribuindo material com a gente”, conta o candidato.
Apoio
Com ele não tem tempo ruim: vai a pé, de ônibus ou de carona, rachando a gasolina.
Um pouco diferente é a estratégia do professor Túlio Lopes (PCB). O candidato a senador na chapa, Pablo Lima, vai na frente tocando uma espécie de corneta e ele vai na sequência entregando os panfletos. Desse modo, e com uma bandeira do PCB, os dois foram a Ouro Preto. “Fui de carona com o candidato a senador”, conta o candidato. A dupla também fez panfletagens no Centro de BH, abordando passageiros de ônibus. Em uma delas, com uma camisa do América, Túlio Lopes abordava pessoas na fila do coletivo e entregava santinhos.
Nas agendas, Túlio tem visitado ocupações urbanas e investido em reuniões com sindicalistas, especialmente os da área da educação, e encontros com estudantes. Ele concentra a campanha na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Geralmente, são três atividades no dia.
Doações
Lopes também critica o que chama de abuso do poder econômico entre os grandes candidatos, não aceita doações de empresas e defende a mobilização dos voluntários. “Achamos interessante a panfletagem do próprio candidato, principalmente nas escolas e fábricas. As campanhas dos “Pimentas” abusam do poder econômico, pagam jovens bonitos e bonitas para panfletar na rua”, critica o professor de história e atualidades. Ele fez uns 200 mil cartões de visita com o endereço de seu site na internet. No jantar de adesão que promoverá, pretende conseguir mais verba para continuar a campanha. “Estou disputando o terceiro lugar e logo vou colar nos que estão em segundo. A adesão à nossa campanha é grande, principalmente do servidor público massacrado”, prevê, otimista.
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