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Estado de Minas

Depoimento de ex-diretor da Petrobras gera tensão na CPI e na campanha

Expectativa de depoimento de Costa revigora acusações a Dilma e leva suspense ao Congresso


postado em 16/09/2014 00:12 / atualizado em 16/09/2014 07:56

Paulo de Tarso Lyra, Naira Trindade e Eduardo Militão

Brasília – A dois dias do depoimento do homem-bomba Paulo Roberto Costa na Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI ) da Petrobras, os três principais candidatos ao Palácio do Planalto – Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) –, voltaram a mencionar os escândalos que assolam a principal empresa do país. Os dois candidatos de oposição acusaram o governo de destruir a estatal, enquanto Dilma diz que tudo está sendo investigado e nenhum órgão está imune ao que chama de “malfeitos”.

No Espírito Santo, Aécio Neves lembrou que a Polícia Federal investiga “uma organização criminosa” dentro da petrolífera, com efeitos negativos nos negócios. “A Petrobras adia projetos que já deveriam estar impactando positivamente no desenvolvimento”, disse Aécio. “Vamos resgatar a capacidade da Petrobras de fazer os investimentos aqui no Espírito Santo, que vem adiando sucessivamente”, prometeu. Por sua vez, ao se referir a Costa, a candidata do PSB afirmou que o PT deveria pedir desculpas ao Brasil em razão de “malfeitos” ocorridos na estatal. Marina reiterou que ele foi mantido na companhia para "assaltar" os cofres da empresa.

Enquanto os presidenciáveis se digladiam, oposicionistas e governistas aguardam tensos o depoimento de Paulo Roberto Costa, marcado para amanhã. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, deve se reunir hoje com integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista da Petrobras para definir a estratégia de atuação caso o ex-diretor de Abastecimento da estatal resolva de fato dizer o que sabe sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. “Está todo mundo angustiado, porque ninguém sabe, ao certo, o que ele falou ao Ministério Público e o que ele poderá dizer diante dos deputados e senadores”, disse um aliado da presidente Dilma.

Até o momento, todas as expectativas governistas foram frustradas. O Planalto, que respirou aliviado porque não surgiram novas denúncias de Costa ao longo do fim de semana, torcia para que a Justiça não autorizasse a ida do ex-diretor à CPI Mista. Mas a autorização foi dada pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki já havia dito que não cabe ao Judiciário interferir nas convocações de suspeitos e testemunhas em comissões de inquérito. Em despacho assinado ontem, Moro afirma que Costa deverá ser escoltado pela Polícia Federal, se possível até dentro do Congresso Nacional. Mas o juiz afirmou que “deve ser evitada a utilização de algemas na apresentação” do réu porque ele não é acusado de crimes violentos.

Moro destacou que Paulo Roberto tem o direito de permanecer em silêncio e ser auxiliado por um advogado. Integrantes da CPI Mista da Petrobras estudam a possibilidade de fazer uma sessão a portas fechadas. “O que nós queremos é que seja público, mas é um direito dele decidir se quer falar a todos”, disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).

Os parlamentares têm esperança de que o ex-diretor colabore com as investigações da comissão mista de inquérito. “Vamos ter a esperança de que ele esteja disposto a falar porque a fala dele vai ajudar o país a avançar na investigação de um esquema de corrupção”, completou Bueno. Para o líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), os integrantes da comissão devem se reunir na quarta-feira, antes da sessão marcada para as 14h, para decidir se limitam a sessão exclusivamente a parlamentares.

O governo ainda não tem claro o que pode causar mais estragos. Se a sessão for fechada, Costa poderá dizer o que quiser e os parlamentares vazarem o que bem entenderem. Por outro lado, em uma sessão normal, televisionada, e com o ex-diretor querendo dizer “qualquer coisa para sair da prisão”, segundo palavras de governistas, o risco também é exponencial. “Estamos a 20 dias das eleições, é muito pouco tempo para desmentir qualquer boato”, disse um assessor palaciano.

 

Defesa no palanque

Em tom de campanha, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva (foto) voltou às origens e se juntou, num ato em frente à sede da Petrobras, no Centro do Rio, a petroleiros e outros para defender o pré-sal contra o que considera ataques da oposição. Após uma tumultuada caminhada, Lula discursou para a plateia, onde se viam bandeiras de candidatados da base aliada do PT: “Fiz questão de vir com uma camisa da Petrobras, porque as pessoas estão com vergonha de vestir (uniforme da empresa) e parecer com alguém”, afirmou, sem citar a quem se referia. O ex-presidente defendeu investigação e punição para quem cometeu o que chamou de “erros” dentro da empresa, envolta em denúncias de um suposto esquema de pagamento de propinas. “Se houve erros, tem que investigar. Se for culpado, tem que ir para a cadeia”, disse o petista.

 


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