Jornal Estado de Minas

Escândalo na Petrobras acirra debate na TV entre candidatos a presidente

Troca de acusações sobre corrupção dá o tom do encontro de candidatos promovido pela CNBB

Maria Clara Prates
Eymael, Aécio Neves, Marina Silva, Dilma Rousseff, o jornalista Rodolpho Gamberini, Eduardo Jorge, Luciana Genro, Pastor Everaldo e Levy Fidelix no debate realizado pela Igreja Católica em Aparecida (SP) - Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

As denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras esquentaram o terceiro debate entre oito candidatos à Presidência da República, promovido pelo Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e realizado pela TV Aparecida, em Aparecida (SP). O senador Aécio Neves (PSDB) não perdeu a oportunidade em uma pergunta do Pastor Everaldo (PSC), para reafirmar que a denúncia de pagamento de propina a políticos da base do governo com contratos superfaturados da estatal, durante cinco anos, fez com que o escândalo do mensalão parecesse pequeno. “Os brasileiros se sentem representados pela minha indignação. Este governo abandonou o projeto transformador e quer usar todas as armas para se manter no poder. O que foi desviado para a base de apoio da candidata – a presidente Dilma Rousseff (PT) – é suficiente para construir 450 mil creches e 50 mil moradias para os brasileiros viverem em melhores condições”, afirmou o tucano.

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Aécio recebeu o apoio do pastor, o que resultou no primeiro direito de resposta solicitado por Dilma, no debate que transcorria de forma morna, mesmo com o governo federal no centro de todas as críticas dos presidenciávéis. A petista, como vem fazendo desde as divulgação de novas suspeitas de desvio na Petrobras, reafirmou que não “tolera a corrupção” e que seu governo foi o que que mais combateu fraudes. “Todos os escândalos do governo do PT foram descobertos por integrantes do próprio governo, que fortaleceu a Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União. Respeitamos a independência e nunca nomeamos um ‘engavetador geral’ da República (referência ao ex-procurador-geral da República no governo FHC Geraldo Brindeiro) para esconder os problemas debaixo do tapete,” rebateu a candidata à reeleição.

AUXILIAR
A troca de farpas, que surgiu apenas durante as perguntas entre os candidatos, não se restringiu ao tucano e à petista.
A candidata do PSOL Luciana Genro, também aproveitou a oportunidade para atacar Aécio Neves, ao se esquivar de uma pergunta sobre educação. Ela o acusou de não mencionar os escândalos envolvendo o PSDB. “O sujo falado do mal lavado, quando acusa o governo petista de corrupção”. O tucano reagiu acusando-a de ter voltado às origens como “linha auxiliar do PT” e fez com que Luciana perdesse a compostura. Depois de pedir desculpa, ela disparou: “Linha auxiliar do PT é uma ova!”. Aécio Neves então aproveitou para lamentar ter ouvido “impropérios ao invés de discutir propostas”.

Dilma e o candidato do PV, Eduardo Jorge, também se exaltaram ao debater sobre as fontes de energia priorizadas no Brasil. Ele disse que o governo tem incentivado o uso da energia nuclear e fontes não renováveis como o carvão, abandonando o maior fonte energética do país, a solar. “Um país do porte do Brasil não consegue se sustentar com energia solar, que é muito cara. É preciso construir termelétricas, e, se não as tivéssemos construído, estaríamos passando por um racionamento, prejudicando a dona de casa, trabalhadores e empresário. Não podemos inventar a roda”, rebateu a presidente No entanto, ela teve de ouvir de Eduardo Jorge que as três usinas nucleares brasileiras significam um risco para o povo brasileiro em razões dos antigos protocolos de funcionamento.

O debate promovido pela CNBB foi um dos que tiveram ataques mais intensos entre candidatos, dos três realizados até agora. Mas o jornalista Rodolpho Gamberini, que mediou as perguntas, foi intransigente. Não permitiu que nenhum candidato ultrapassasse o tempo regulamentar nem nas perguntas e nas respostas e não se constrangeu em interrompê-los..