O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, decidiu ficar calado em sessão da Comissão Parlamentar Mista de inquérito que investiga denúncias de corrupção na Petrobras. Ao ser dada a palavra a Costa, o ex-diretor da estatal recorreu ao direito constitucional de permanecer em silêncio diante dos parlamentares. “Boa tarde a todos. Vou me reservar ao direito de ficar calado”, afirmou, dizendo na sequência que não se importava se a sessão fosse secreta ou aberta.
Antes da entrada de Costa, foram apresentadas questões de ordem para que a sessão fosse realizada de forma secreta, mas a maioria dos parlamentares rejeitou a ideia. O líder do PT, senador Humberto Costa, disse que todas as vezes em que foram feitas sessões secretas, a estratágia acabou sendo frustrada. “Não existe sessão secreta neste Congresso Nacional . Tudo que aconteceu em outras sessões secretas foi revelado”. Ele citou outras CPIs como a que investigou Carlinhos Cachoeira e a que ouviu Demóstenes Torres em que os próprios parlamentares foram os responsáveis por “vazar as informações”.
A negativa de Costa coincide com a mudança dos parlamentares da base aliada que decidiram rever a estratégia a ser adotada para a sessão. Os aliados defendem que, em vez de tentar ouvi-lo numa sessão reservada, o melhor é cobrar uma reunião aberta. A avaliação é a de que aceitar uma sessão fechada colocaria o governo na defensiva, uma vez que as "versões" dos vazamentos poderiam ser controladas pela oposição.
Apenas os parlamentares da oposição seguiram pedindo para que a sessão fosse feita de forma secreta. Em alguns momentos a sessão chegou a ficar tensa com troca de acusações entre deputados e senadores. “Muito me constrange ter que fazer questionamento sem a devida resposta”. Disse o relator, Marco Maia (PT) abrindo mão de continuar perguntando a Costa.
Mais cedo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, esteve no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Depois da audiência, Janot afirmou que, em casos de delação premiada, o sigilo é obrigatório. “A lei impede que qualquer pessoa se refira a eventual delação e a seu conteúdo. É imposição do sigilo legal”, salientou.