Para o economista, a atual equipe econômica errou nas medidas tomadas nos últimos anos, impossibilitando ações para diminuir o atual peso dos tributos.
"Impossível você economizar dois pontos do PIB em um ano com corte de despesa. Nunca aconteceu no Brasil, desde 1988, quando se olha as contas públicas é muito fácil ver que você não consegue uma economia tão grande cortando despesa, até porque 90% do orçamento você não consegue cortar", considerou. "No Brasil, não dá para fazer ajuste fiscal forte pelo lado da despesa num curto prazo. Ajuste fiscal, recuperar o primário, tem que ser uma política gradual que vai durar de dois a três anos", ressaltou.
Na analise de Almeida, o próximo presidente terá dois desafios na área econômica: recuperar o superávit primário e começar um processo de negociação com o Congresso Nacional para mudar o regime fiscal, para ao longo do tempo abrir espaço para redução de carga tributária.
No entendimento do economista, a recuperação do superávit primário também seria o caminho para melhorar a situação do setor produtivo. "Quando a gente consegue recuperar o primário, retomar a trajetória de queda da dívida bruta e líquida, controlar a inflação, que vai levar a juros menores, se cria todo um contexto, que é mais positivo para indústria, comércio e serviços." O economista também defendeu que seja aplicada no País uma política industrial que promova a diversificação da produção.
Bancos públicos
Ao falar sobre o papel dos bancos públicos num possível mandato de Aécio Neves, candidato presidencial do PSDB, Almeida disse que o partido é a favor do fortalecimento do setor como forma de incentivar a competição.
Nos cálculos do economista, o próximo presidente terá que arcar com cerca de R$ 40 bilhões para pagar o que o atual governo concedeu de subsídios nos últimos anos. "Se você olhar o último balanço do BNDES, de junho, ele coloca no ativo que tem a receber do Tesouro R$ 21 bilhões de subsídio. Esse mesmo valor um ano atrás era R$ 13 bilhões. É um crescimento de R$ 8 bilhões em um ano. Significa o crescimento de 61% de uma conta que o governo não está pagando. E quando o próximo presidente sentar na cadeira vão mostrar para ele que ele tem uma conta de R$ 30 a R$ 40 bilhões de subsídios que este governo não pagou", criticou.
Comércio Exterior
O economista também criticou a atuação do atual governo na área do comércio exterior. Segundo ele, a prioridade deve ser parcerias com países da União Europeia e com os Estados Unidos. "A gente não vai solucionar o nosso problema de integração mundial focando comércio com países de baixa renda, com problemas políticos, em crise. O Mercosul é importante, só que mais importante ainda é a gente buscar acordos comerciais com bases que sejam vantajosas para o Brasil, como EUA e União Europeia"..