Clésio Andrade nega envolvimento no desvio de R$ 20 milhões do Sest e Senat

O ex-senador esteve na tarde desta sexta-feira na sede do Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte, para prestar depoimento sobre o caso

Maria Clara Prates Kelly Almeida
Ex-senador Clésio disse que vai abrir sindicãncia interna para apurar responsáveis pelo desvio - Foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
O ex-senador Clésio Andrade negou na tarde desta sexta-feira envolvimento com o desvio de R$ 20 milhões do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) – ambos ligados à Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade presidida pelo ex-senador. Clésio esteve na sede do Ministério público Estadual na tarde de hoje para prestar depoimento sobre o caso ao promotor Renato Froés e ao delegado da Polícia Civil Demilson Gomes.

Clésio chegou à sede do MPE de bengala, disse que estava viajando, sem citar o lugar, e que estava no local  para tomar conhecimento das investigações e prestar os esclarecimentos necessários. Ele disse ainda que estava reassumindo a presidência da CNT nesta sexta-feira, já que estava licenciado do cargo desde abril passado. O ex-senador prometeu que irá abrir uma sindicância interna para apurar os responsáveis.

Entenda o caso

Uma megaoperação da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desarticulou, na manhã desta sexta-feira, um  esquema de desvios de recursos do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). Sete mulheres que eram diretoras do sistema no período investigado são as principais suspeitas de desviar, entre 2011 e 2012, R$ 20 milhões. De acordo com as apurações, elas tinham apoio de outras pessoas ligadas ao sistema.


Foram expedidos 21 mandados de busca e apreensão, cinco prisões temporárias e 24 conduções coercitivas de suspeitos sendo cumpridos em vários endereços nobres do DF, na sede do Sest/Senat, e em Minas Gerais.

O ex-senador Clesio Andrade (PMDB-MG) está sendo investigado na operação. Nesta manhã, a Polícia Civil do DF esteve na casa dele, em Minas Gerais, para levá-lo a prestar depoimento. A Justiça determinou a condução coercitiva de Andrade, mas ele não estava em casa.

A ação, intitulada São Cristóvão, é resultado de investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)- e da Controladoria-Geral da União (CGU). Maria Tereza da Costa Pantoja foi presa em casa, no Setor de Mansões Dom Bosco. As investigações indicam que em 2012 ela transferiu cerca de R$ 1 milhão das contas do Sest para uma previdência privada no nome dela e movimentou R$ 4,5 milhões de contas bancárias pessoais. Até o ano passado, Maria Pantoja era diretora-executiva do Sest e do Senat. Atualmente, é diretora do Instituto de Transporte e Logística da Confederação Nacional do Transporte (ITL/CNT). apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA).

As apurações indicam que, só de movimentação imobiliária, Maria participou nos últimos anos da compra de imóveis avaliados em mais de R$ 15 milhões. Os filhos dela, um jovem de 19 anos e uma adolescente de 13, também aparecem como compradores de residências que, juntas, chegam a quase R$ 5,5 milhões.

Além de Maria Pantoja, a polícia identificou outras seis mulheres, que também exerciam algum cargo de diretoria no sistema, faziam parte do esquema de desvio de recursos.
São elas: Ana Cláudia de Macedo Santoro, AnaMary Socha, Andressa Fontenelle Passos, Jardel Martins Soares, Ilmara Amaral Chaves e Aline Ávila Guimarães. O grupo ainda recebia ajuda de pessoas que ganhavam altas quantias para serem trabalhadoras autônomas no Sest/Senat. Tempos depois, essas mesmas pessoas participavam de compras e vendas de carros ou imóveis com as principais suspeitas.

As investigações indicam que os suspeitos mantêm uma vida luxuosa, moram em mansões e têm carros importados. Além das prisões temporárias, das conduções coercitivas e das buscas e apreensões, a polícia solicitou a indisponibilidade dos bens dos investigados. Duzentos policiais, além de representantes da Gaeco, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal participam da ação, que tem apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA). .