A assessoria de Miranda, que estava em campanha na manhã de ontem, em Araguaína, no interior do Tocantins, respondeu que o candidato não iria se pronunciar sobre o assunto. Foram presos Douglas Marcelo Alencar, de 38 anos, apontado como o líder do grupo; Marco Antônio Jayme Roriz, de 46 anos, motorista e segurança; Lucas Marinho Araújo, de 24 anos, estagiário de engenharia e apontado como o laranja do esquema; e o piloto da aeronave Roberto Carlos Maya Barbosa, de 48 anos.
O delegado responsável pela operação, Ricardo Chueire, que comanda o Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Itumbiara, fez o flagrante em Piracanjuba, cidade a cerca de 85 quilômetros de Goiânia, na suspeita de que os envolvidos estivessem transportando drogas.
Na tarde de anteontem, equipes do Genarc de Itumbiara investigavam a ação de traficantes de drogas quando viram uma caminhonete Toyota Hilux, dirigida por Roriz, chegando a uma pista de pouso da cidade. Com a aproximação das viaturas, o piloto, que estava com o motor ligado, “tentou decolar, mas foi perseguido, abordado e impedido pelos policiais civis”, diz o delegado. O bimotor prefixo PR-GCM seria de um empresário tocantinense do ramo da construção civil, amigo de Marcelo Miranda.
De acordo com Chueire, foram encontrados no interior do avião R$ 504 mil em maços ainda com os invólucros da Caixa Econômica Federal. “Havia também farta quantidade de santinhos”, disse.
No depoimento, os envolvidos, menos o piloto, afirmaram que o dinheiro era de um empréstimo feito em Brasília, usando a conta do estagiário Lucas emprestada. Já a polícia investiga se o “laranja” do esquema é o estagiário, cuja conta bancária teria sido usada para movimentar o volume encontrado. A reportagem não conseguiu contato com o advogado dos presos que foram autuados por lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime tributário.
Pesquisa recente, realizada pela TV Anhanguera, aponta que Marcelo Miranda tem 48% das intenções de voto no Tocantins, contra 33% do segundo colocado, Sandoval Cardoso (SDD), sinalizando chances de vitória no 1.º turno. De acordo com a sondagem, o ex-governador é rejeitado por 22% do eleitorado.
Miranda, que já foi governador do Tocantins por dois mandatos, foi cassado em 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral acusado de, nas eleições de 2006, compra de votos, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, ficando inelegível por oito anos. A inelegibilidade do candidato ao governo vence no dia 1.º de outubro, às vésperas da eleição do dia 5.
A Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal do Tocantins, decretou a indisponibilidade dos bens de Miranda esta semana. O motivo é a suspeita de desvio de mais de R$ 20 milhões em supostos esquemas de desvio de verba por meio de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) durante seu mandato, entre 2003 e 2009..