Na tarde desta terça-feira, 23, integrantes das comissões Nacional e Estadual da Verdade estiveram no Hospital Central do Exército (HCE), no bairro de Benfica, na zona norte do Rio, em diligência de reconhecimento de locais de tortura. Ex-presos políticos e peritos técnicos também participaram da diligência.
Eles proporão ao Ministério da Defesa a formação de um grupo de trabalho pra encontrar os registros médicos. "Não vamos desistir de encontrar os prontuários assim como não desistimos de encontrar os documentos que até hoje não nós foram entregues e servem para toda a sociedade", disse Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Enquanto o grupo de reunia, quatro vítimas e parentes de vítimas que estiveram no HCE reconheceram alguns locais por onde passaram, apesar das diversas modificações feitas nos prédios ao longo dos anos. "Aqui recebíamos o tratamento mínimo para não morrermos e voltarmos para o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Mesmo assim muita gente morria aqui ou no caminho", contou Ana Miranda. Ela esteve internada no HCE por uma semana em agosto de 1970 para amenizar os espasmos causados pelos choques elétricos constantes. "Fiquei dopada todo o tempo que estive aqui".
Pela manhã, o grupo esteve no 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio. O quartel funcionou como DOI-Codi entre 1970 e 1975. Lá, diversos presos políticos afirmam que foram torturados e viram companheiros morrerem no local, como o deputado Rubens Paiva.
As visitas nos espaços militares do Rio fazem parte de uma série em todo o País para identificar locais de tortura. Junto com os depoimentos e as provas, as plantas dos locais visitados com as disposições nas diferentes épocas comporão o relatório da CNV que deverá ser concluído até dezembro.