Na reta final da disputa pelo Palácio Tiradentes, o debate promovido pelos Diários Associados e transmitido pela TV Alterosa na noite dessa terça-feira foi marcado pela ausência do ex-ministro Fernando Pimentel (PT) – por motivo de saúde – e a troca de acusações e ataques entre os adversários Pimenta da Veiga (PSDB), Tarcísio Delgado (PSB) e Fidélis Alcântara (PSOL). Na falta do petista, o tempo destinado a ele para perguntas e respostas foi dividido entre os demais candidatos, que não lhe pouparam críticas.
A primeira artilharia veio de Pimenta da Veiga, que já no minuto destinado à sua apresentação lamentou a decisão do adversário de não participar do debate. “Ele foge porque não quer responder aqui notícias sobre seus procedimentos administrativos e pessoais. Tenho acusações a fazer frente a frente. Ele está fugindo, mas uma hora terá que aparecer”, afirmou o tucano. As acusações vieram no bloco destinado a perguntas entre os candidatos. Autorizado pelos organizadores, Pimenta dirigiu seu questionamento ao petista: “Ele está ultrapassando todos os limites da desconsideração com o eleitor. Será candidato mesmo tendo cinco processos judiciais por improbidade administrativa e corrupção?” Ainda foi dado a Pimenta um minuto para comentar a suposta resposta. “O PT está sonegando os fatos. Isso não faz jus às tradições mineiras”,completou.
O candidato do PSB, Tarcísio Delgado, também fez críticas a Pimentel ao dirigir sua pergunta a Fidélis Alcântara. Disse que o petista e a presidente Dilma não fizeram nada para evitar a exploração depredatória do minério em Minas Gerais. O candidato do Psol defendeu que as cidades envolvidas têm que ter controle sobre a exploração e acusou o PT e o PSDB de receber dinheiro das mineradoras para custear a campanha eleitoral de seus candidatos a governador e deputados. “Quem paga a banda escolhe a música, e quem paga a banda são as mineradoras”, reclamou.
Nas considerações finais, nova rodada de críticas ao PT. Pimenta voltou as baterias para o governo federal, citando supostos desvios de verbas na Petrobras. “Minas terá que se decidir se quer o modelo PT de governar. Com inflação alta, baixo crescimento e desemprego, que já está batendo na porta. Fora os escândalos, como o da Petrobras. Você precisa decidir, ou votará no candidato PT, que abandonou a verdade, para entregar a Cemig e a Copasa a quem destruiu a Petrobras, ou votará no nosso jeito de governar, que está sendo copiado por vários estados brasileiros”, afirmou Pimenta.
Pobreza Em dois blocos os candidatos responderam perguntas de representantes da sociedade civil e de jornalistas dos Diários Associados sobre segurança pública, saúde, educação, reforma tributária e ações sociais. O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira, questionou as propostas para a população mais pobre. Sorteado para responder, Pimenta da Veiga (PSDB) prometeu superar a pobreza por meio da qualificação na educação. “O que deve ser feito é qualificar a pessoa, para que ela própria possa se desenvolver. Não adianta o assistencialismo barato que alguns fazem”, disse o tucano. Fidélis Alcântara apontou os investimentos do estado na saúde e na educação como forma de garantir os serviços básicos da população.
O presidente da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil, Luís Cláudio Chaves, perguntou sobre as propostas para a segurança. Tarcísio Delgado criticou a atual gestão de Minas e citou o aumento nos índices de violência. “Nunca houve tanto crime como agora. Esse aumento fez até cair o índice de produtividade”, criticou Delgado. O candidato do PSDB rebateu, citando programas implementados pela atual gestão, como o Fica Vivo e o Olho Vivo.
O presidente da Associação Comercial, Roberto Luciano Fagundes, questionou sobre a possibilidade da redução dos tributos e da burocracia em Minas, enquanto o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) quis saber qual será o peso da Secretaria da Fazenda no governo. Fidélis prometeu mudar as regras tributárias, enquanto Tarcísio Delgado defendeu segurança jurídica e tranquilidade para os empresários. Já Pimenta prometeu simplificar a vida do empresariado.
Após o debate, o candidato do PSDB atacou seu adversário petista. “Não pode vir ao debate, mas pode subir no palanque”, criticou Pimenta. Já Tarcísio Delgado preferiu não criticar o adversário ausente. “Não faço mau juízo de ninguém. Mandou dizer que está doente, eu quero acreditar que esteja. Se não estiver é uma coisa muito grave”, disse o socialista. Fidélis Alcântara lamentou a ausência de Pimentel, mas avaliou como positiva a possibilidade de apresentar suas propostas.
Comunicado de última hora
Alessandra Mello e Flávia Ayer
A ausência do candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, no debate de ontem da TV Alterosa pegou de surpresa a militância do partido que estava na porta da emissora e também os assessores do petista, que o aguardavam na sala reservada para ele e sua equipe. A confirmação de que ele não compareceria, por motivo de saúde, foi feita oficialmente pela equipe dele a 30 minutos do início do debate. Pouco antes, sua assessoria chegou a participar do sorteio que definiu a ordem das perguntas e a posição dos candidatos no estúdio.
De acordo com nota divulgada pela campanha do petista, ele está com faringite, que o deixou afônico e com tosse. “Pimentel cancelou compromissos nos últimos dias na tentativa de se restabelecer para enfrentar os desafios da campanha”, diz a nota. É o segundo debate na TV que o petista falta.
Mais cedo, a militância de Pimentel e do tucano Pimenta da Veiga, que polariza com o petista a disputa pelo governo do estado, tomou conta da Avenida Assis Chateubriand, na Floresta, Região Leste de Belo Horizonte, que foi parcialmente interditada. Separadas por cordas, as duas militâncias trocaram provocações, mas o clima era de tranquilidade. Não houve confrontos. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 700 pessoas aguardavam os candidatos na porta da TV Alterosa.
Nos bastidores, o debate foi marcado por ânimos acirrados. Durante os intervalos, assessores corriam para dar conselhos e orientar os candidatos. Na plateia, expressões ora de entusiasmo ora de desconfiança a cada pergunta. O tucano Pimenta da Veiga estava acompanhado pelo maior número de pessoas, entre eles a mulher Anna Paola, o filho deles, Pedro, e o candidato ao Senado da chapa, Antonio Anastasia. Fidélis contava com cinco assessores, de longe, os que mais comentavam sobre perguntas e desempenho dos participantes. Já Tarcísio Delgado foi acompanhado por três pessoas.