Brasília - O discurso da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, de fortalecimento das áreas de controle e investigações de casos de corrupção esbarra na queda de servidores que atuam nestas carreiras durante seu mandato. Levantamento do Estado mostra que o atual governo permitiu uma redução no número de delegados, peritos, escrivães e agentes da Polícia Federal. Os dados, compilados com base no Boletim Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, mostram uma reversão no atual governo do crescimento do efetivo da Polícia Federal ocorrido no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A queda só não foi maior no contingente policial porque houve um concurso para papiloscopistas, elevando em 14% o efetivo da carreira que cuida da coleta de impressões digitais em locais de crime - em números, foram 64 novos servidores nos três anos e meio de governo Dilma Rousseff.
“Temos em torno de 4 mil cargos vagos, que um dia foram ocupados por agentes, delegados, e que hoje estão abertos. O ideal seria, no mínimo, triplicar o número de servidores”, afirma o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal. “Tem uma crise institucional no órgão, ganhamos menos do que há dez, doze anos, perdemos 16 colegas por suicídio na gestão atual. A polícia hoje está doente, muito doente, e não enxergo que a Polícia Federal esteja vivendo às mil maravilhas”, afirma o presidente da Fenapef.
‘Limite’. A situação não é muito diferente na Controladoria-Geral da União, cuja atribuição é apurar condutas de servidores públicos. Há meses, a CGU vem tentando reforçar seu contingente de combate à corrupção. Em ofício enviado ao Palácio do Planalto, em abril, o ministro Jorge Hage alertava que chegou “ao limite” o “esforço de fazer mais com menos”, como revelou o Estado em agosto.
Em texto sobre diretrizes de governo publicado na internet, Dilma afirma que “o fortalecimento das Polícias Federal e Rodoviária Federal teve sequência, com investimentos em recursos humanos e inteligência, com adoção de ferramentas de alta tecnologia”. Segundo o presidente da Fenapef, “o governo foi eficiente em novos equipamentos, viaturas, armamentos, mas, com o servidor propriamente dito, não”.
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