“O modelo do PSDB está com problemas até aqui em São Paulo”, disse Rands, ontem, durante uma de suas falas no seminário “A Indústria Brasileira na Política Econômica do Próximo Governo”, promovido pelo jornal Valor Econômico.
Após o evento, Rands foi indagado se o modelo do PSDB para o Estado estava esgotado. “Mostra sinais de esgotamento. A renovação não surge do antigo. Ela vai surgindo dos modelos existentes. Então, para nós, estamos ajudando a política brasileira a se renovar”, respondeu. Ele não explicou a quais “problemas” se referiu no debate.
Poucos minutos depois, Rands procurou a reportagem do Estado para reformular a resposta à pergunta que ele classificou como “intrigueira”.
Rands fez a crítica aos tucanos numa tentativa de se apresentar à plateia formada por representantes da indústria paulista como alternativa à polarização entre PT e PSDB. Alessandro Teixeira, coordenador do programa de governo da presidente Dilma Rousseff, e Armando Castelar, assessor econômico de Aécio Neves (PSDB), participaram do debate e também foram alvo das críticas de Rands. Segundo ele, os adversários exploram eleitoralmente as propostas de Marina, embora não tenham apresentado seus próprios projetos.
O representante do PSB deu mais detalhes sobre o modelo de composição de uma base no Congresso que sustente um eventual governo de Marina. De acordo com ele, a fórmula atual que prevê indicações de nomes para cargos no governo em troca de apoio parlamentar será abandonado. O método de negociar com os líderes das bancadas de cada partido também será deixado de lado. “Não vamos nos limitar à representação formal dos partidos, vamos dialogar também com os representantes do povo brasileiro que nem sempre estão comungando com a posição daquele líder partidário”, afirmou Rands.
Questionado se o sistema de emendas parlamentares - motivo de crises entre governo e Congresso durante a gestão Dilma - será mantido, ele disse que, se Marina for eleita, os parlamentares podem ser chamados a indicar o destino de verbas públicas. “Tem gente (na equipe de Marina) que propõe modelos em que o parlamentar pode indicar (a destinação de verbas) porque ele tem uma capilaridade que, às vezes, um técnico que está em Brasília não tem. Às vezes ele conhece a base, a realidade de um pequeno município até mais do que um técnico”, defendeu Rands. Segundo ele, parlamentares ligados à “velha política”, adeptos do “toma lá dá cá”, devem ficar na oposição em um eventual governo de Marina.
Indagado sobre a família Bornhausen com quem Marina dividiu palanque anteontem em Florianópolis, Rands repetiu o argumento de Eduardo Campos, morto em um desastre aéreo no dia 13 de agosto. “A nova política não surge da Escandinávia nem de Marte. Estamos criando um novo polo com base em um programa”, concluiu.
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