São Paulo - O ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), alfinetou a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) ao dizer que o Brasil tem umas das legislações mais modernas sobre transgênicos. "Nós não podemos voltar para trás. Sabemos quem são nossos adversários", disse.
Mais cedo hoje, Marina disse ser contra mexer agora na legislação sobre transgênicos em vigor no Brasil. Em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo, a candidata disse que sempre defendeu um modelo de coexistência entre a plantação convencional e a transgênica, mas que isso "infelizmente não é mais possível".
Marina disse ter mais proximidade com a visão europeia, que considera o tema com maior atenção e ainda pesquisa sobre efeitos dos transgênicos na saúde e no meio ambiente. Ela lamentou que o Brasil tenha seguido o mesmo modelo que México, Argentina e Estados Unidos, de homogeneização das culturas. Conforme Marina, esse sistema prejudicou o direito de escolha das pessoas. "Acho que é importante que se dê direito para o consumidor fazer a escolha, por isso que era tão importante o modelo de coexistência."
Questionada sobre o agronegócio, Marina repetiu sua proposta de que é possível aumentar produção por ganho de produtividade, citando um dado de que, no País, a produção cresceu 200% no mesmo intervalo de tempo que as terras cultivadas cresceram 31% em área. "Não há esse dilema entre produzir e proteger, as duas coisas são possíveis. Já somos campeões em aumentar produção por ganho de produtividade", disse ao admitir a importância da Embrapa nesse processo.
Marina foi também perguntada sobre a concessão de licenças ambientais enquanto ministra do Meio Ambiente no governo Lula. Repetiu a defesa de que sua gestão foi responsável pela liberação de licenças complexas, como da transposição do São Francisco, das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, além da BR-163. Sobre o processo da BR, em específico, disse ter coordenado um trabalho com 13 ministérios e uma lei para conservação de 8 milhões de hectares e que, depois do esforço, a obra perdeu interesse para o governo atual. Marina afirmou que a obra da BR não foi priorizada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e afirmou que teve relação com isso o fato de as terras envolta da estrada não poderem mais estar sujeitas a grilagem.