Preocupada com o impacto eleitoral das recentes denúncias de irregularidades na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff prometeu nesta sexta-feira, 26, lançar, se reeleita, um pacote de medidas anticorrupção, entre elas a criminalização da prática de "caixa 2". "No meu segundo mandato, uma das coisas que eu quero atacar é a impunidade", declarou a presidente em coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília. "Tem de transformar a prática de caixa 2 em crime", defendeu.
As duas últimas ações prometidas por Dilma no final desta tarde são: alterar a lei processual para agilizar o julgamento de processos judiciais de desvio de recursos públicos; e criar uma nova estrutura junto aos Tribunais Superiores para agilizar e dar maior eficácia das investigações e dos processos promovidos contra agentes com foro privilegiado.
A campanha de Dilma está apreensiva com possíveis danos eleitorais causados por revelações feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O ex-dirigente prestou depoimentos à Polícia Federal, nos quais relatou um suposto esquema montado na estatal de pagamento de propinas a políticos aliados do Palácio do Planalto. Costa fez um acordo de delação premiada com a Justiça Federal e o teor das duas declarações está sendo mantido sob sigilo. Nomes de alguns políticos foram citados em reportagens como tendo sido envolvidos pelo delator.
Ao iniciar a coletiva, Dilma se disse "preocupada com a questão da impunidade" e afirmou que o Brasil precisa reforçar alguns valores, entre eles o combate à corrupção. Ela disse que as medidas propostas por ela nesta tarde servirão para processos mais rápidos e punições mais eficazes, mas garantiu que será preservado o amplo direito de defesa dos envolvidos. Ela destacou ainda que as iniciativas podem ser feitas via projetos de lei ou medidas administrativas, como o fortalecimento dos órgãos de controle. Para Dilma, levar adiante as propostas demandará amplo diálogo com a sociedade e com os outros poderes da República - Judiciário e Legislativo. "Queremos levar às últimas consequências o processo de combate sem trégua à corrupção", disse.