Os dois principais candidatos ao governo de Minas, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT) e o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB) transformaram o debate na Rede Record em um ringue. A uma semana das eleições, os dois se esforçaram para desconstruir a imagem do adversário. Pimenta chamou Pimentel de mentiroso. E Pimentel disse que Pimenta é um político ausente de Minas. Enquanto o petista focou munição contra o atual governo, que Pimenta representa, o tucano culpou o governo federal pelos problemas do estado.
O segundo debate com a participação de Pimentel – ele faltou aos dois últimos em razão de uma faringite – já começou quente. Já em sua primeira fala, Pimenta questionou o caráter do petista que, segundo ele, estaria mentindo em suas propagandas ao dizer que foi eleito o sétimo melhor prefeito do mundo “em um campeonato que ninguém conhece”. Pimentel respondeu que Pimenta fazia menção à escolha de uma entidade inglesa e que a honraria não foi para ele, mas para BH. “O que importa é ter feito um bom trabalho e quem pode atestar isso é a população”, afirmou, emendando que cumpriu todo o mandato.
Pimenta mais uma vez atacou, dizendo que o adversário não se explicou. “É uma coisa que não aconteceu. É muita petulância querer se comparar a JK e dizer que é o melhor prefeito. Francamente, Pimentel, fala sério”. O tucano insinuou que o petista não tem medo do ridículo, pois “encheu a propaganda de mentira”. Pimentel disse que o papel que o oponente faz “por recomendação dos marqueteiros” não lhe cabe e rebateu, dizendo que, por estar “muito tempo fora” de Minas, o adversário não sabe que o mineiro não acredita em “lorota”.
Até ao falar em substituição tributária, Pimenta trouxe de novo o assunto da propaganda do adversário, que diz ser o melhor prefeito de BH. Ele voltou ao tema até nas considerações finais e, em uma das ocasiões, disse que Pimentel governou tendo um “superprefeito” de BH, que foi o ex-governador Aécio Neves (PSDB).
Na área da educação, Pimentel disse que, ao contrário das propagandas institucionais do governo, Minas “paga um dos piores salários para professores e não cumpre o que a Constituição manda investir” no setor. Pimenta rebateu dizendo que Pimentel, quando prefeito, não cumpriu o percentual de 25% a gastar em educação e por isso foi processado. “E foi o tempo da escola plural, de triste memória”, disparou. A fala valeu direito de resposta ao petista, que afirmou nunca ter tido as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
FARPAS Até no embate com os outros candidatos convidados, Tarcísio Delgado (PSB) e Fidélis Alcântara (PSOL), petista e tucano aproveitaram para trocar farpas. Em embate com Tarcísio, Pimenta culpou o governo do PT pelos altos índices de criminalidade em Minas e em todos os estados por falta de uma política nacional. Também ao responder Tarcísio, quando o assunto era a falta de um novo marco da mineração, Pimentel disse que a economia do estado tem sido sustentada pela atividade, porque, ao longo de 12 anos, Minas não teve um projeto de desenvolvimento econômico. “Ao contrário, o estado definhou”, afirmou. Pimenta, por sua vez, culpou a presidente Dilma Rousseff (PT) por tirar R$ 2 bilhões de Minas com isenções fiscais concedidas com tributos estaduais e municipais.
Pimenta tentou fazer dobradinha com o candidato do PSOL, perguntando-lhe sobre a dívida do estado com a União e culpando o governo do PT de “agiotagem”. Fidélis, porém, rebateu, dizendo que Pimenta representa os governos que mais endividaram o estado. Ao estilo PSOL, disse que os candidatos do PT e PSDB se esforçam para tentar se diferenciar, mas não conseguem. Fidélis questionou Pimentel sobre a aliança feita em 2008 entre petistas e tucanos para eleger o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o petista disse não se arrepender dela. Segundo diz, o prefeito fez um bom mandato até romper com o PT. Fidélis rebateu: “Que papinho mais Marina”, se referindo à defesa de alianças feita entre todos os partidos pela presidenciável.