“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. A uma semana das eleições, os brasileiros têm nas mãos a chance de pôr em prática as palavras da Constituição Federal e exercer seu poder por meio do voto. Entre os candidatos, não faltam promessas. Mas, afinal, o que querem os eleitores ao comparecer às urnas? O Estado de Minas escutou diversos setores da sociedade em várias partes do estado para responder a essa pergunta. Longe da utopia, a constatação é de que eles querem o básico: um país livre de corrupção, governado por políticos honestos que, com o pensamento na coletividade, possam agir em benefício da saúde, educação e transporte público.
Em oposição aos escândalos de corrupção, o povo pede transparência. “Quero honestidade e transparência. Você só vê corrupção nos jornais. As pessoas não querem nem mais ler porque só veem isso”, afirma o dono de uma banda de revistas em Belo Horizonte, Wilson Bonfim, de 42 anos. É a partir da transparência que a judoca Ketleyn Quadros, bronze em Pequim, acredita ser possível cuidar de outros campos. “Acima de tudo, o governante precisa ter transparência. É necessário cuidar da saúde, da educação, do esporte”, reforça.
Ao contrário de governar olhando para o próprio umbigo, eleitores desejam ser representados por quem seja comprometido com a sociedade. “Espero que os políticos tenham um olhar mais coletivo e tomem decisões que sejam boas para um grupo maior de pessoas”, diz a arquiteta e urbanista Nina Apparício, 30 anos, belo-horizontina que mora em Brasília. O que, nas palavras da doutora em psicologia social pela Universidade de São Paulo (USP) Georgina Alves Vieira, significa resgatar “o sentido da polis daquilo que é público”.
Ao votar, o escritor Durval Augusto Jr, de 62, prefere se alimentar de esperança. “Gostaria que meu voto servisse para engrossar a fila daqueles que acreditam num projeto de governo comprometido com as necessidades dos menos favorecidos. Também espero que meu voto melhore questões como a segurança, educação e saúde”, diz.
Agora, se todas essas boas intenções surtirão efeito, quem poderá dizer são eleitores atentos como a estudante universitária Sofia Novy Lara, de 19. “Quero poder perceber as mudanças e, daqui a quatro anos, não ver tudo estagnado”, afirma. (Colaboraram Carolina Cotta, Ivan Drummond, Ludymilla Sá, Mateus Parreiras, Paula Takahashi e Zulmira Furbino)
“Espero que resgatemos, de pronto, o sentido da polis, daquilo que é público. Com tanta apropriação do público pelo privado, apenas o respeito a este princípio mudaria o nosso país, direcionando a receita decorrente da forte carga tributária para o que, de direito, nos pertence: acesso a todos os bens civilizatórios. E além da ética, a estética, pois temos subjugado’’
Georgina Alves Vieira, doutora em psicologia social pela USP
"Desejo que meu voto traga honestidade na política. Ninguém acredita mais nas promessas feitas pelos políticos. A estrada (BR-367) que liga nossa cidade ao restante de Minas Gerais foi aberta por Juscelino Kubitschek. Todos os políticos prometem asfalto, mas o máximo que trazem é cascalho, e caro"
Bolivar Aristides Oliveira, 82 anos, Médico em Salto da Divisa
"Ao anular meu voto, quero que ele seja uma manifestação na urna para mostrar que estou insatisfeita. Os políticos giram em torno de interesse financeiro e pessoal. Quem sabe assim conseguimos trazer mais candidatos honestos."
Camila Michel, 26 anos, pipoqueira
"Quero que meu voto melhore a saúde, a segurança e o transporte público. Moro no Barreiro e começaram a fazer um hospital antes da reforma do Mineirão e até hoje não está pronto. Temos que usar a UPA, o posto, onde não tem médico. Por isso tudo é preciso melhorar muito a saúde. O transporte também está péssimo."
Leonaldo Silva, 39 anos, garçom
"Espero, mesmo que utopicamente, eleger políticos verdadeiramente comprometidos com as reais necessidades do país e da população, e não com interesses próprios ou partidários. Que, com suas ações, nos façam voltar a acreditar em valores esquecidos na política, como dignidade, justiça, honradez, honestidade, compromisso com o bem público e amor à pátria."
Marcus Vinícius Bolívar Malachias, cardiologista, presidente-eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia
"Desejo uma perfeita administração do Estado, em que se extraia transparência com visão do bem público. O administrador do poder público normalmente se acha dono do Estado e tem aquilo como coisa própria, e não como coisa pública."
Marconi Bastos Saldanha, 57 anos, advogado
Durval Augusto Jr., 62 anos, escritor
"Meu maior desejo é que seja dado um jeito em tudo, principalmente na corrupção. É preciso mudar a maneira de pensar e de agir, Não se pode abandonar um país como vejo que acontece hoje. Muita gente se manifesta que quer sair porque não está satisfeita. Isso tem de mudar. Simplesmente virar as costas não leva a nada."
Samuel Fuchs, jogador de vôlei
"Nas campanhas, vemos muitas promessas vazias e megalomaníacas que sabemos que dificilmente serão cumpridas. Desejo que o meu voto e de todos os brasileiros seja verdadeiramente respeitado. E respeito implica que os candidatos assumam os compromissos e as propostas de maneira justa, honesta, sem corrupção e pensando exclusivamente nos benefícios para o povo."
Professor Emiro Barbini, Presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG)
"Quero mais saúde para a região. Tudo quanto é especialidade médica é difícil de ser marcada, de ter consultas. As pessoas ainda precisam de viajar para longe e esperar 2 ou 3 meses para serem atendidas. Assim, a saúde delas piora quando são, enfim, atendidas."
Jane Cristina Coelho, 49 anos, Educadora em Salto da Divisa
"Não sei ainda em que vou votar, mas quero melhoria para a saúde, que está precária. Para conseguir uma vaga pelo SUS, só conhecendo alguém no hospital. Também quero maior combate ao crime. Estão acontecendo roubos demais, a segurança também está precária. Em qualquer lugar que vamos ficamos preocupados."
Francisco de Assis, 55 anos, comerciante
"Meu voto não é por preferência. Quero tentar impedir que alguém que não goste ganhe. Quem sabe um dia possa fazer uma escolha entre os bons candidatos realmente. Queria era que os candidatos tivessem consciência e amor ao próximo."
Araci Krauss, 70 anos, psicóloga
"Espero que quem for eleito consiga fazer do Brasil um país sério. Que coloque um fim na corrupção. Que tenha competência para fazer isso, já que somos um país de grande potencial. Basta escolher uma equipe de trabalho correta, que não tenha deslizes. Ser honesto e competente não é um fato ao acaso, mas sim obrigação. Dinheiro o país tem, mas não se gasta com o necessário, o que favorece a corrupção"
Luciano Corrêa, judoca
Ketleyn Quadros, judoca
"Meu maior desejo é que seja dado um jeito em tudo, principalmente na corrupção. É preciso mudar a maneira de pensar e de agir, Não se pode abandonar um país como vejo que acontece hoje. Muita gente se manifesta que quer sair porque não está satisfeito. Isso tem de mudar. Simplesmente virar as costas não leva a nada".
Samuel, jogador de vôlei
"Pretendo, com o meu voto, mudar o Brasil, porque ninguém está aguentando mais o jeito que o país está"
Rodrigo Lasmar, médico
"Pretendo que ocorram as melhorias necessárias para todos os cidadãos brasileiros. Por melhor nível na educação e na saúde e que possamos andar nas ruas com maior segurança"
Victor, goleiro