Em Minas Gerais, são 695 candidatos a deputado federal e 1.198 a deputado estadual. A profusão de nomes e propostas pode deixar o eleitor alheio à campanha e sem conhecer o postulante. Para não se enganar por promessas fáceis ou políticos com a ficha suja, o Estado de Minas preparou um guia para ajudar o eleitor a escolher. Quem procurar bem pode, por mais desiludido que esteja com a política, encontrar um nome para representá-lo no Congresso e na Assembleia.
Não tenho candidato
Alguns caminhos podem ajudar a escolher um nome. Não existe uma receita ou fórmula pronta, mas seguem algumas dicas. O eleitor pode levar em conta vários aspectos, como os valores morais do candidato, a ideologia e até a área de atuação.
Valores
De acordo com orientação do TSE, primeiramente, o eleitor deve identificar quais valores julga mais importantes e quais você quer ver seu representante defender. Isso é importante porque, geralmente, escolhemos um candidato por afinidade, ou seja, aquele que tem opiniões parecidas com as nossas. Contudo, o eleitor deve esforçar-se para escolher candidatos que tenham preocupações universais, ou seja, preocupações que dizem respeito ou são aplicáveis a todas as pessoas e não só a um pequeno grupo.
Partido ou coligação
Conhecer o partido, quais são seus ideais, se é, por exemplo, uma sigla que defende temas da esquerda ou da direita e se você se identifica. Saber quem são os correligionários e se está coligado com outra legenda. Vale lembrar que pelas regras eleitorais o voto vai para a coligação e, além de ajudar a eleger o candidato, ajuda os partidos a atingir o quociente (divisão da soma de votos válido pelo número de cadeiras) necessário para a eleição de um parlamentar.
Região
A escolha dos deputados estaduais e federais é, muitas vezes, pautada na área de atuação do político. Com base nas emendas parlamentares os deputados dispõem de verbas para obras e benfeitorias nas cidades em que atuam. Contudo, vale destacar que a função principal do parlamentar não é reformar quadra ou conseguir ambulância, mas legislar para o estado ou país.
Como ter certeza?
Não se deixe influenciar apenas pela quantidade de propaganda ou cabos eleitorais. Uma campanha sem muitos recursos pode oferecer uma boa proposta com ideias compatíveis com o que você pensa. Seja criterioso. Para isso, o segredo é pesquisar. Leve em conta os três itens acima e, com a decisão tomada, passe para frente para ter a certeza de que seu candidato não esconde um passado nefasto e nem é um charlatão.
Tenho candidato
Se você já fez sua escolha, é hora de checar o passado do seu candidato.
Já é parlamentar?
Se sim, consulte os sites da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e até das Câmaras Municipais, caso ele seja vereador. Você pode checar os dados pessoais, os partidos aos quais ele já foi filiado e, principalmente, conferir os projetos de lei apresentados durante os últimos mandatos. O papel principal de um parlamentar é elaborar as leis que regem o país e os estados. Leia com atenção e, caso tenha alguma dúvida, ligue ou mande um e-mail para o político, pois os contatos estão lá e devem ser usados. Caso seu candidato não tenha proposto nada relevante e só fique mudando nome de rua é melhor você repensar e escolher um novo nome.
Ficou mais rico?
Sempre que alguém se candidata deve anexar a declaração de bens quando protocola o registro da candidatura. Se seu candidato participou de outras eleições você pode conferir a evolução patrimonial dele. Um enriquecimento fora do comum durante o período em que ele exerceu mandato pode sugerir – ou não – algum ilícito. É bom ficar atento. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem o sistema de Divulgação de Candidatura – https://migre.me/lO4CH – com os dados do atual pleito. Uma busca no Google com a expressão "divulgacand" mais o ano das eleições anteriores ("divulgacand2012", por exemplo) possibilita que o eleitor faça a comparação. O projeto Quem quer ser excelência da ONG Transparência Brasil é uma ótima ferramenta de busca, em que é possível ver a evolução patrimonial dos candidatos. Veja o link: https://migre.me/lO4LB
De onde vem o dinheiro?
Uma campanha política custa caro. É fundamental que você saiba quem são os financiadores do candidato e reflita sobre quais interesses e influências eles podem ter sobre a atuação dele, caso seja eleito. O TSE tem um site em que qualquer cidadão pode olhar quem são os financiadores: https://migre.me/lO3e1. Basta buscar pelo doador ou pelo candidato ou comitê partidário. Vale destacar que as doações para os comitês são conhecidas como "ocultas", pois impedem que o eleitor saiba para qual candidatura o dinheiro vai, o que torna mais difícil fazer uma relação direta entre o interesse do doador e atuação do parlamentar.
Não é deputado?
Seu candidato é um novato na política? Ele atua em qual área? Pertence alguma entidade, sindicato, clube de futebol, associação de classe ou outro movimento? Se sim, procure saber da atuação dele lá. Procure quem trabalhou com ele e tente não escutar apenas as opiniões positivas de quem participa da campanha. Se não, é importante que você saiba a origem e as razões que o levaram a disputar uma vaga nas próximas eleições.
É ficha-suja?
A Lei da Ficha Limpa só impede a candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados, em segunda instância. Por isso, é possível que seu candidato já seja condenado em algum processo em primeira instância e siga na disputa. A primeira dica é checar no Sistema de Divulgação da Candidatura ?https://migre.me/lO4CH ? e ir na aba "acompanhamento processual", marcar a opção "todos" e clicar em "visualizar". Vasculhar o passado do candidato dá trabalho. Além desse filtro da Justiça Eleitoral, vale a pena checar em outras fontes, como o Conselho Nacional de Justiça. Buscando pelo nome do candidato é possível ver se ele já causou danos ao estado. Os tribunais de contas, tanto da União quanto os estaduais, também têm listas com quem já participou de irregularidade e no Portal da Transparência, do governo federal, o eleitor vê quem está impedido de celebrar convênios com a administração pública po algum malfeito.
Propostas
Se seu candidato venceu todas as etapas até chegar aqui ele fez apenas a obrigação. Afinal, ser honesto não é uma virtude e, principalmente para quem deseja ser deputado, deve ser uma obrigação. Porém, é fundamental que o eleitor saiba quais são as propostas e, principalmente, se elas são exequíveis. Candidato que promete trazer o mar para Minas – já houve um com essa proposta – ou aumentar o salário mínimo quase 10 vezes está flertando com o impossível e não conseguirá cumprir a promessa. Além de saber o que o político propõe, o eleitor tem que saber como será feito. Visite as páginas dos candidatos na internet – também disponíveis no Sistema de Divulgação de Candidaturas –, adicione o político nas redes sociais e, mais uma vez, na dúvida, questione-o por e-mail, nas redes sociais, por telefone ou pessoalmente. Se você não for atendido durante a campanha, é muito provável que será abandonado quando seu candidato for eleito.
Escute
Com a escolha feita não se furte a discutir com outros eleitores, escutar as críticas de quem defende outro candidato e, na dúvida, busque outro nome e refaça todo o pente-fino.
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - www.cnj.jus.br/acesso-a-justica
Tribunais de Contas - www.tcu.gov.br / www.tce.gov.br
Portal da Transparência - www.portaltransparencia.gov.br
Links:
Senado: https://www.senado.gov.br/senadores/
Câmara: https://www2.camara.leg.br/
Assembleia: https://www.almg.gov.br/deputados/conheca_deputados/