Nada tempera tanto uma campanha eleitoral quanto as frases de quem busca o voto. Lançadas com ironia, raiva, às vezes em tom mais ameno, seja para atacar ou se defender, as declarações dos candidatos podem tanto se voltar contra o autor como ajudar a conquistar eleitores. A disputa pela Presidência da República em 2014 está recheada desses torpedos, que invariavelmente reverberam nas redes sociais, ampliando o impacto do que tem sido dito, para o bem ou para o mal.
Um dos casos mais recentes foi protagonizado pelo candidato do PSDB, senador Aécio Neves. Em uma das suas críticas à postura da candidata Marina Silva (PSB), ele aproveitou o embalo para atacar também a presidente Dilma Rousseff (PT). Afirmou, em um ato de campanha na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que uma fala mentiras – que seria a presidente –, e a outra, Marina, se desmente. “O tempo é nosso melhor aliado, pois está mostrando que, de um lado, temos uma candidata que mente e, do outro, uma candidata que se desmente o tempo inteiro.”
A presidente Dilma Rousseff (PT) também já cravou sua frase de impacto, que acabou virando bordão na internet. A aliada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a declaração de Marina Silva, que defendeu alterações na legislação trabalhista, para retrucar e faturar. Dilma disse que “nem que a vaca tussa” faria o mesmo que a adversária.
Evangélica, Marina, que tem passado boa parte da campanha se queixando dos ataques dos adversários, construiu uma frase que deve ter agradado a boa parte do seu eleitorado, mas, por outro lado, pode ter afastado o voto de quem prefere outras formas de obter a destreza de saber o que é certo ou errado, bom ou ruim. Ela disse que o povo brasileiro precisa de oração para ter discernimento. O comentário foi feito em relação a ataques que vinha sofrendo dos adversários. “É tanta coisa, gente. Olha, até porque vocês que são pessoas de fé, contra o marketing selvagem não vale argumento, só discernimento. Então, peçam a Deus pelo discernimento do povo brasileiro.”
A candidata do PSOL ao Palácio do Planalto, Luciana Genro, não deixou em branco um ataque do senador Aécio Neves, que a chamou de linha auxiliar do PT, seu antigo partido, em um debate na televisão. “Linha auxiliar do PT uma ova”, afirmou Luciana, adotando expressão bem mais amena do que suas feições mostraram que a candidata gostaria de dizer. No dia seguinte, a repercussão nas redes sociais. Fotos com ovas de peixe chegaram a ser postadas, sempre acompanhadas de comentários em relação ao revide da candidata.
Naquela que pode ter sido a resposta mais engraçada da campanha para presidente em 2014, o candidato do PV ao cargo, Eduardo Jorge, acabou virando meme (algo que se propaga pela redes sociais) na internet. Também durante debate em rádio, televisão e site, um jornalista perguntou ao candidato Levy Fidelix (PRTB) se o partido seria uma legenda de aluguel. Como é comum nesses programas, o jornalista pediu a outro candidato, nesse caso Eduardo Jorge, que comentasse a resposta do rival. O candidato do PV, então, afirmou: “Não tenho nada a ver com isso”, arrancando risos de alguns presentes. E disse que aproveitaria o tempo a que tinha direito para falar sobre a proposta de reforma política de seu partido.
Frases de efeito dos candidatos:
“Não vamos desistir do Brasil”Eduardo Campos
(Em entrevista na TV poucas horas antes do acidente, em Santos)
“De um lado, temos uma candidata que mente e, do outro, uma candidata que se desmente o tempo inteiro”
Aécio Neves (PSDB)
(Em ato de campanha na RMBH, criticando Dilma e Marina)
“Não mudo direitos na legislação trabalhista nem que a vaca tussa”
Dilma Rousseff (PT)
(Ao criticar Marina Silva, que defendeu alterações nas leis trabalhistas)
“Peçam a Deus pelo discernimento do povo brasileiro”
Marina Silva (PSB)
(Ao reclamar dos ataques que vem sofrendo dos adversários)
“Linha auxiliar do PT uma ova”
Luciana Genro (PSOL)
(Em debate na TV, rebatendo o candidato Aécio Neves, que a acusou de ajudar o PT)
“Não tenho nada a ver com isso”
Eduardo Jorge (PV)
(Em debate na TV, antes de comentar pergunta de jornalista que questionou se o PRTB seria legenda de aluguel)