Eles consideram que o tucano, embora não tenha conseguido ultrapassar até o momento o patamar dos 20% da preferência do eleitorado, teria como galgar votos de última hora por ter uma estrutura partidária mais sólida do que a da ex-ministra.
Isso levaria os petistas a retomar a estratégia inicial que vinha sendo adotada até a morte, em agosto, do então candidato do PSB Eduardo Campos: apostar na comparação dos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os oito anos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"Como já estávamos prontos para enfrentar o PSDB, não temos problemas", afirma o senador Jorge Viana (PT), coordenador da campanha de Dilma no Acre. A ideia de ter mais uma eleição decidida com base na polarização com os tucanos agrada o senador. "Sempre defendi ser o Aécio o melhor adversário (num segundo turno). É mais perceptível e o eleitor trabalharia com mais tranquilidade", conclui.
Apesar de Marina perder força nas últimas sondagens eleitorais, os petistas alegam que, pelo cenário atual, o mais provável é que ela passe para a próxima etapa da eleição. O senador Humberto Costa argumenta que os votos que Marina vêm perdendo nas pesquisas eleitorais não estão migrando para Aécio. "Ele teve um crescimento mais para voo de galinha", diz.
Com a presidente consolidada em primeiro lugar nas pesquisas, a campanha de Dilma já prepara munição para o segundo turno. A avaliação é que os ataques desferidos contra Marina surtiram efeito e foram eficazes para abrir uma vantagem sobre a ex-ministra.
Costura
Em outra frente, o comitê já se prepara para caçar no segundo turno suporte entre as dissidências de partidos aliados. Os coordenadores acreditam que, com Aécio fora da disputa, haverá espaço para fazer alianças com partidos e diretórios estaduais que embarcaram no projeto do PSDB.
O vice-presidente Michel Temer, que também é presidente nacional do PMDB, tem mantido conversas com os caciques locais em Estados como Bahia, Ceará e Rio de Janeiro, que no primeiro turno apoiam (formalmente ou não) Aécio.
"O presidente Michel Temer está trabalhando isso desde o começo. Ele não cortou relações e diálogo com ninguém", diz o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS). Se o tucano ultrapassar Marina, Temer vai buscar diálogo com diretórios como o do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Pernambuco, que se aliaram à ex-ministra.
Para o PMDB, maior sigla da base aliada e com grande capilaridade no interior do País, costurar uma rede de aliados para o segundo turno aumentará o poder de barganha do partido no próximo mandato. O PMDB ocupa hoje cinco ministérios, mas briga por mais espaço na Esplanada em mais um governo Dilma..