Brasília – Pesquisas DataFolha e Ibope divulgadas nessa terça-feira reforçam a possibilidade de uma inversão de posições na corrida eleitoral. O levantamento do DataFolha mostra que a candidata do PSB, Marina Silva, segue em rota descendente e perdeu dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior – oscilando dentro da margem de erro – chegando a 25% das intenções de voto. Já o candidato do PSDB, Aécio Neves, avançou de 18% para 20%. A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, permaneceu com 40% na consulta feita pelo instituto.
Há exatos 30 dias, a diferença entre Marina e Aécio, que hoje está em cinco pontos percentuais, era de 19 favoráveis à candidata socialista. Naquela época, Marina também estava em empate técnico com a petista Dilma Rousseff. Hoje, a diferença entre ambas é de 15 pontos percentuais, o que confirma que a candidatura da ex-senadora se desidratou em uma velocidade espantosa.
Na simulação de segundo turno feita pelo Datafolha, Dilma Rousseff aparece com 49% das intenções de voto, ante 41% da socialista – 54% e 46% dos votos válidos, respectivamente. O resultado é praticamente o mesmo quando, no lugar de Marina, o adversário de Dilma é o tucano Aécio Neves (50% a 41% favorável à petista, ou 55% e 45% dos votos válidos, respectivamente).
Os números do Datafolha divulgados ontem chancelam uma percepção do comando da campanha de Dilma. Há cerca de 15 dias, os estrategistas petistas passaram a cogitar a possibilidade de a polarização PT-PSDB se repetir no segundo turno das eleições presidenciais. “Se Marina estivesse caindo em alguns locais, e em outros não, poderia ser algo pontual. Mas a queda dela é homogênea”, disse um aliado de Dilma.
Para esse interlocutor, a campanha petista está dividida sobre quem seria o melhor adversário após 5 de outubro. No caso de Aécio, existe a tradicional polarização e o discurso antiprivatização e antirrecessão que o PT adotou nas últimas corridas presidenciais. Já se a adversária for Marina, o PSB não teria estrutura partidária e de campanha para suportar mais 20 dias de embate direto. Por esse prisma, Aécio levaria vantagem sobre Marina, por ter um partido mais consolidado e nomes fortes para apoiá-lo no segundo turno, como Geraldo Alckmin, em São Paulo, e Beto Richa, no Paraná, que devem se reeleger em primeiro turno. No comando de campanha do PSDB, a expectativa é se haverá tempo para Aécio virar o jogo.
IBOPE Além do DataFolha, o Ibope divulgou nova pesquisa. Dilma oscila positivamente para cima, passando de 38% para 39% nas intenções de voto. Aécio Neves se mantém estável nos 19% e Marina Silva cai de 29% para 25% das intenções de voto em relação à pesquisa anterior do Instituto.
Num eventual segundo turno, Dilma Rousseff tenderia a ser vitoriosa independentemente do adversário. Se fosse Marina, a presidente seria reeleita com 42% dos votos ante 38% da socialista, no limite da margem de erro. Já no confronto com Aécio, a petista ficaria com 45%, e ele ,com 35%.
Menos impostos, mais empregos
Aécio adotou ontem um discurso voltado para os micro e pequenos empreeendedores: prometeu desburocratizar o sistema tributário e aplicar a “tolerância zero” aos índices inflacionários. Caso seja eleito, o tucano disse que enviará proposta alterando as regras dos tributos ao Congresso Nacional já na primeira semana de governo. A medida, segundo ele, é uma das formas de gerar emprego e renda e fazer o Brasil crescer. Ao criticar a gestão da presidente Dilma Rousseff, o tucano disse que o PT permitiu que a inflação “voltasse a assombrar o trabalhador” e que os empresários gastam hoje R$ 40 bilhões com o pagamento de impostos.
“O Brasil ainda tem um sistema tributário extremamente burocrático, extorsivo. O meu compromisso é permitir cada vez mais um sistema simplificado, em que aqueles que empreendem possam estar estimulados a fazê-lo”, afirmou Aécio, que fez campanha no Mercadão de Madureira, no Rio. O candidato lembrou que no período em que governou Minas (2003-2010), reduziu os impostos de mais de 200 produtos da cesta básica, higiene pessoal e material de construção e nem por isso a arrecadação caiu.
Com Isabella Souto