As declarações homofóbicas do candidato a presidente da República Levy Fidelix (PRTB), além de provocar ações na Justiça e revolta nas redes sociais, custam caro ao contribuinte. O partido do candidato recebeu este ano R$ 992,1 mil do Fundo Partidário. Presidido por Fidelix, o PRTB recebe mensalmente cerca de R$ 110 mil de verbas desse fundo, formado por dotações orçamentárias da União e multas. Além disso, suas aparições no horário eleitoral no rádio e na televisão vão custar aos cofres públicos cerca de R$ 4,1 milhões do total do custo da renúncia fiscal estimado pela Receita Federal com a propaganda política este ano, que é de R$ 839,5 milhões.
Leia Mais
Comentário homofóbico de Levy Fidelix repercute nas redes sociaisGrupo organiza 'beijaço' LGBT em resposta a Levy FidelixLevy Fidelix será processado por homofobiaLevy Fidelix é condenado a pagar R$ 1 milhão por declarações homofóbicasSenado deve arquivar projeto que criminaliza homofobiaProcurador-geral investiga fala de Fidelix na TVPGR abre procedimento para apurar fala de Fidelix sobre homossexuais em debateSecretaria de SP pede processo contra FidelixLevy Fidelix mantém discurso e diz que 'não corre do pau'Mineiro de Mutum, no Vale do Rio Doce, Levy corre o risco de ter sua candidatura impugnada por causa das declarações feitas domingo durante um debate na TV em que afirmou, se referindo aos gays, que “aparelho excretor não reproduz”. Fidelix também associou a homossexualidade à pedofilia e afirmou que os homossexuais precisam de atendimento psicológico, mas “bem longe da daqui”. Na sua terra natal, as declarações do candidato pouco tiveram repercussão. São raros os moradores que sabem que Levy é nascido na cidade. Tarcísio Correa, vereador em Mutum pelo PT, disse que tomou conhecimento há poucos dias que Levy era de lá, apesar de alguns parentes do candidato ainda residirem no município. .
Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu um pedido de direito de resposta ajuizado pela Comissão Nacional da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A ordem requer parte do tempo de propaganda eleitoral gratuita a que o candidato tem direito para que as entidades de defesa da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) se pronunciem sobre as declarações de Fidelix. A OAB pede ainda a cassação do registro da candidatura dele. O PSTU e o Psol também ajuizaram ações para que o candidato seja multado por propaganda ilegal feita com o propósito de incitar o ódio. Levy vai ainda ser processado por dano moral coletivo pelo Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual (GADV).
“Aparelho excretor não reproduz (...) Como é que pode um pai de família, um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha.”, afirmou o candidato em um dos trechos das declarações. As repercussões negativas, no entanto, não inibem Fidelix. Ontem, ele afirmou que “não corre do pau”. “A minha posição é a mesma, não é nada de homofobia. Ao contrário, defendo a posição do pai, da mãe, da família tradicional. E nem por isso é discriminação. Discriminação é o que fazem comigo, me chamar de nanico. Não me dão os espaços de que preciso e mereço”, disse o candidato do PRTB. Disse ainda que se sente perseguido pelas instituições que o processam e que recebeu mensagem de solidariedade do deputado Jair Bolsonaro (PP), também conhecido por suas posições contrárias às causas do movimento LGBT. (Com agências)
"Bobagens"
O deputado federal Tiririca, candidato à reeleição pelo PR, usou o Twitter para se posicionar contra as declarações homofóbicas de Levy Fidelix (PRTB). Ele saiu em defesa dos direitos da comunidade LGBT. Como é constantemente chamado de burro, ele aproveitou e alfinetou em um dos tuítes: “Dizem que sou burro, mas pelo menos não falo bobagem que nem certos candidatos. Sou a favor do amor e cada um deve viver feliz”. Em outra mensagem, ele diz que os homossexuais adotam filhos abandonados por casais heterossexuais. “Uhhh vaia para o preconceito”, manifestou em outro tuíte.