Rio - Marina Silva e Aécio Neves passaram a explorar nesta quinta-feira, 2, a declaração de Dilma Rousseff, feita no domingo durante o debate da TV Record, segundo a qual ela demitiu o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, suspeito integrar um esquema de desvios na estatal.
Marina vem sendo alvo dos petistas por ter dito, no debate da TV Bandeirantes, em agosto, que, quando parlamentar, votou a favor da criação da CPMF, cuja arrecadação seria destinada à Saúde. Os registros do Senado mostram, porém, que ela votou contra pelo menos duas vezes. O fato foi levado por Dilma à TV.
O candidato do PSDB também comentou a questão da saída de Costa da Petrobras. "É de uma gravidade enorme. A candidata a presidente faltou com a verdade à população brasileira. Que serviços prestados mereceram esse elogio? Chega a ser patético. O governo do PT vive seus estertores”, disse Aécio.
A campanha de Dilma alega que ela não demitiu formalmente o ex-diretor de Abastecimento, que ficou no cargo entre 2004 e 2012, porque não tinha provas contra ele. A alternativa da presidente, disseram os petistas, foi exigir a sua renúncia. Em depoimento na CPI da Petrobras no Senado em 10 de junho, Costa admitiu que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, usou a necessidade de mudanças na gestão da empresa como argumento para pedir substituições na diretoria.
Costa renunciou formalmente ao cargo como outros diretores, meses após a passagem da presidência da estatal de José Sérgio Gabrielli para Graça Foster. "Na época, não havia denúncias de irregularidades, e os desligamentos ocorreram no âmbito de mudanças no corpo dirigente da estatal", informou a assessoria de imprensa do comitê da presidente.
Agradecimento
A substituição de Costa está registrada no extrato da ata da reunião do conselho de administração de 2 de maio de 2012. Assim como nos registros de substituições dos demais diretores, ao fim da ata, a empresa agradece “pelos serviços prestados à companhia no desempenho de suas funções”. Essa é uma formalidade do conselho.
Mudanças de altos cargos no serviço público, tradicionalmente, ocorrem por meio de renúncias e não por exonerações. São raras as exceções. Uma delas ocorreu com o ex-diretor de Energia Nestor Cerveró.
Em março deste ano, quando já havia deixado o cargo na empresa controladora e respondia pela diretoria Financeira da BR Distribuidora, ele foi demitido pela presidente Dilma. Ela acusou Cerveró de apresentar um resumo incompleto do contrato de compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.