Fortaleza - Às vésperas da eleição, com o candidato do governador Cid Gomes (PROS) ainda tentando a virada sobre o senador Eunício Oliveira (PMDB), a Linha Sul do Metrô de Fortaleza entrou em operação comercial (ainda parcial) nesta quarta-feira, dia 1º.
Visivelmente ainda há muito a ser feito: sinalização e ventilação das estações, por exemplo, ainda não estão completas, e há falhas no sistema de informações sonoras dos trens. Com 24km (liga o Centro de Fortaleza a Pacatuba, na Região Metropolitana), a Linha Sul começou a ser construída em 1999 e custou, até o momento, cerca de R$ 2 bilhões. Recebeu recursos do governo estadual e da União, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O governo do Ceará nega que o início da operação tenha objetivo eleitoreiro. Segundo a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), a novidade foi possível graças à assinatura de um convênio pendente com o governo federal no valor de R$ 200 milhões e assinado "na semana passada".
Ainda segundo a companhia, de economia mista e ligada ao governo estadual, a operação já poderia ter começado na segunda-feira, mas, "para comunicar à população, decidiu-se começar no primeiro dia útil de outubro", quarta-feira.
Com recursos do PAC desde 2007, as primeiras estações da Linha Sul só ficaram prontas em junho de 2012, quando teve início a chamada "operação assistida", com viagens gratuitas entre segunda e sexta-feira, das 8h às 12h. Esta semana, o serviço foi estendido: de segunda a sábado, das 6h30 às 19h, agora com cobrança de tarifa (R$ 2,20 a inteira e R$ 1,10 a meia. É o mesmo preço das passagens de ônibus.
O número de trens operando, entretanto, permanece o mesmo: somente três, o que significa um tempo de espera de 30 minutos entre um e outro. Somente com a operação total, no início de 2016, é que o tempo de espera cairá para entre 3 e 6 minutos, informou a Metrofor, com a circulação de 25 trens.
O procurador regional do Ceará, Rômulo Conrado, informou que não vê irregularidade eleitoral no início da operação dias antes da eleição.
Remoções. No reduto eleitoral do governador Cid Gomes e de seu irmão Ciro Gomes (PROS), outro metrô, também atrasado e com recursos da União, continua sem data para começar a operar.
O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Sobral, cidade do sertão cearense a 240km da capital, deveria ter sido entregue em dezembro de 2012, mas até hoje não opera. Ontem, a Metrofor não quis dar uma previsão para o início de operação do “Metrô de Sobral”, como é chamado.
A construção do VLT, que custou até agora cerca de R$ 90 milhões, envolveu um polêmico processo de remoção de 18 imóveis. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do governador Cid Gomes não retornou. Ironicamente, no trecho onde hoje se veem apenas os escombros das casas que foram removidas, há placas de propaganda não só do candidato apoiado pelo governador, Camilo Santana, mas também de seu principal concorrente, Eunício Oliveira.