A maioria dos contratos fechados pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, com empreiteiras tinha superfaturamento entre 18% e 20%. Foi o que ele revelou na série de depoimentos ao Ministério Público, segundo a revista Época. A reportagem revela que teve acesso a um contrato de R$ 3,1 bilhões assinado em 10 de dezembro de 2010, entre a Petrobras e um consórcio formado pela Odebrech e pela OAS para construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo a revista, o contrato só foi assinado após acordo entre Costa e o engenheiro Rogério de Araújo, diretor da Odebrecht, que previa o pagamento de propina ao diretor da estatal por meio de paraísos fiscais. A contrapartida do consórcio seria a colaboração financeira a campanhas dos partidos da base aliada. O dinheiro da propina, bancado pelos cofres da Petrobras, era distribuído pela ordem de importâcia dos envolvidos. A divisão de 18% começava por políticos do PT, PMDB e PP, que garantiam a permanência dos dirigentes da Petrobras no cargo. Em seguida, recebiam diretores da estatal, como Costa, e depois lobistas, doleiros e operadores que montavam os negócios e se encarregavam de pagar os superiores.
O ex-diretor contou também aos procuradores do MP que vendia “pacote de serviços” às empreiteiras. Em vez de cobrar propina por contrato, atuava “no atacado para criar uma relação comercial duradoura e profissional”, segundo a reportagem. Costa afirmou que fechou um desses pacotes com Rogério de Araújo, que incluía a refinaria em Pernambuco e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj.