Com o semblante tranquilo e sem amargura na voz, o candidato derrotado ao governo de Minas Pimenta da Veiga (PSDB) agradeceu, ontem, aos mineiros os mais de 4 milhões de votos conquistados na eleição. “Estou muito honrado, pois foi um grande resultado. Fiz boa campanha, expondo minhas ideias e com uma conduta digna”, afirmou o tucano, que, em pouco mais de 15 minutos, concedeu entrevista coletiva na portaria do prédio onde mora com a família, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
“Não vou me esquecer dessa votação”, afirmou o candidato, ressaltando que o único erro da sua campanha foi não ter o número de votos suficientes para derrotar Fernando Pimentel (PT) – o futuro governador do estado teve 5,3 milhões (52,9% dos votos) contra 4,2 milhões do tucano (41,9%). Sem mágoa, afirmou que cumprimentava seu oponente pelo resultado nas urnas, mas mostrou que tinha fôlego para ter desempenho melhor. “Se tivéssemos mais algumas semanas, tenho certeza de que venceríamos a eleição em Minas”, disse o tucano, lembrando que não se arrepende de nada. “No geral, foi tudo bem e os mineiros entenderam nossas propostas.”
Pouco antes de falar com os jornalistas, Pimenta da Veiga contou que conversou, pelo telefone, com o candidato do seu partido à Presidência da República, Aécio Neves. “Eu me coloquei totalmente à disposição dele para o segundo turno. Estou exultante com o número de votos que ele recebeu hoje (ontem) e considero o resultado espetacular”, disse. Para ele, não houve ataques do PSDB ao PT durante a campanha, mas apenas “exposição de informações”.
Aécio Neves reconheceu o trabalho de Pimenta e lamentou que o tucano tenha perdido a disputa. “Uma palavra de reconhecimento pelo esforço e trabalho do nosso companheiro Pimenta da Veiga, que infelizmente não venceu as eleições, mas conduziu as nossas bandeiras com extrema dignidade”, disse Aécio, que aproveitou para cumprimentar o candidato vitorioso, Fernando Pimentel. “Desejo ao governador eleito de Minas Gerais, pelo enorme amor que tenho a essa terra e a essa gente, enorme êxito nas funções que passará a exercer a partir de primeiro de janeiro”, afirmou.
Pimenta da Veiga ainda não traçou o seu destino pós-eleições de 2014, lembrando sempre que está à disposição de Aécio Neves para o segundo turno. Ao lado, a mulher do candidato tucano, Anna Paola Frade Pimenta da Veiga, ressaltou que Minas Gerais perdeu por não ter um homem como seu marido à frente do executivo estadual. “Ele fez uma campanha muito bonita, tem experiência e por isso mesmo o considero vitorioso. O futuro político dele a Deus pertence”, afirmou.
Na portaria do prédio, além da família do candidato tucano, amigos e correligionários o abraçaram com carinho. Unidos, não foram à confraternização de Aécio Neves e do senador eleito Antonio Anastasia. Entre eles, um dos coordenadores da campanha, o deputado federal e primeiro suplente de Anastasia no senado, Alexandre Silveira, considerou a performance de Aécio um “resgate histórico de Minas” na política nacional e criticou as pesquisas de opinião que davam uma margem de vantagem à candidata Dilma (PT).
OTIMISMO Até o último momento, Pimenta da Veiga confiava na realização do segundo turno. “O otimismo não está desmedido. Temos resultados muito bons no interior e na região metropolitana”, declarou em entrevista antes de votar, na Escola Estadual Caetano Azeredo, no Barro Preto. O candidato estava acompanhado do presidenciável Aécio Neves e do candidato ao senado, Antônio Anastasia. Antes de Pimenta, os três acompanharam Anastasia votar.
Além de a campanha de Pimenta ter sido atrelada à presidencial de Aécio Neves, foi o próprio tucano quem escolheu o candidato do PSDB, seu amigo de longa data. Pimenta mantinha uma aparente crença de que, mesmo inferiorizado nas pesquisas, poderia provocar o segundo turno.