Jornal Estado de Minas

Em Minas e mais 11 estados, nenhuma mulher ficou entre os dez mais votados para a Câmara

A mulher melhor colocada no estado só aparece na 35ª posição

A lista dos dez candidatos mais votados para a Câmara dos Deputados não teve mulheres em 12 unidades da Federação, mostram os dados do Tribunal Superior Eleitoral sobre a votação desse domingo. Por outro lado, elas ocuparam a primeira colocação em seis estados. Em Minas Gerais, na lista dos dez mais bem colocados para a Câmara não figurou nenhuma mulher. A representante do sexo feminino melhor  colocada na votação foi Raquel Muniz (PSC) que ficou na 35ª posição, seguida de Margarida Salomão (PT) na 45ª colocação, Jô Moraes (PCdoB) na 47ª, Dâmia Pereira (PMN) na 51ª e Brunny (PTC) na 53ª posição.
Na eleição para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais a situação é a mesma. Entre as dez melhores votações apenas homens. A primeira mulher, Ione Pinheiro (DEM), só aparece na 17ª posição. Na sequência, vem Marília Campos (PT) na 22ª posição, Rosângela Reis (PROS) na 44ª, Celise Laviola (PMDB) na 50ª e Arlete Magalhães na 51ª colocação.

Apenas no Amapá a lista com os dez mais votados foi dividida igualmente entre homens e mulheres. Mesmo assim, como só havia oito vagas para a Câmara, Fátima Pelaes (PMDB) e Dalva Figueiredo (PT) não se elegeram, e o Amapá terá cinco homens e três mulheres como deputados federais em Brasília a partir de 2015.

O Sul e o Sudeste foram as regiões em que menos mulheres conseguiram atingir uma posição entre os dez mais votados de seus estados. No Sudeste, a única foi Clarissa Garotinho (PR), com a segunda maior votação do Rio de Janeiro, aproximadamente 335 mil eleitores. Com o resultado, Clarissa chega à Câmara como a deputada federal com a maior votação em números absolutos, seguida de Christiane Yared (PTN), a primeira colocada no Paraná, com aproximadamente 200 mil votos.

Apesar disso, Clarissa teve 4,4% dos votos válidos do Rio, mais que 10 pontos percentuais a menos que o desempenho de Shéridan (PSDB), a deputada federal mais votada de Roraima, com 14,95% dos votos válidos. Shéridan atingiu a maior votação proporcional entre as mulheres, seguida de Dulce Miranda (PMDB), com 10,36% dos votos válidos do Tocantins, e Marinha Raupp (PMDB), que recebeu 7,69% em Roraima.

Ao todo, 28 mulheres conseguiram ficar entre os 270 mais votados se somadas todas as unidades da federação, mas quatro delas não foram eleitas porque seus estados tinham menos que 10 vagas na Casa legislativa. Dessas 28, 15 são de estados da Região Norte; sete, do Nordeste; quatro, do Centro-Oeste; uma, do Sudeste; e uma, do Sul.

Na outra ponta, Minas Gerais foi o estado em que as mulheres tiveram menos detaque. A primeira mulher na lista de contagem de votos aparece apenas na 35ª posição. Além de Minas, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe não tiveram mulheres entre os dez mais votados para a Câmara dos Deputados.

Para a diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), Guacira Cesar de Oliveira, a dificuldade de as mulheres terem melhor desempenho nas eleições se deve, entre outros aspectos, à falta de investimento dos partidos. "Os eleitores já demonstraram a disposição de votar em mulheres. Se vê isso nas candidaturas majoritárias de mulheres para a Presidência, que foram bastante significativas. Existe confiança política nas mulheres."Guacira explica que mesmo a adoção da cota obrigatória de candidaturas femininas, de 30%, não resolveu o problema. "Quando os partidos se viram obrigados a cumprir as cotas, criaram uma formalidade para colocar mulheres como candidatas, mas não geraram condições reais para que essas mulheres pudessem ser eleitas", explica ela, ao acrescentar que o problema afeta principalmente as candidaturas proporcionais.

Com Agência Brasil