O governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), será um dos coordenadores da campanha da presidente Dilma Rousseff no segundo turno das eleições. A base da estratégia será a comparação não só do projeto da petista com o do adversário, Aécio Neves (PSDB), mas também do desempenho dos dois partidos à frente do Palácio do Planalto. Pimentel vai trabalhar com o presidente nacional do partido, Rui Falcão. Os acertos para a parceria foram fechados ontem em Brasília. O objetivo foi aparar arestas que ainda possam ter sobrevivido das eleições de 2010. Os dois também trabalharam na campanha de Dilma naquele ano e houve desentendimento na condução do comitê.
Com a estratégia dos petistas de reforçar a campanha da candidata à reeleição tanto em estados em que o PT foi derrotado quanto nos que venceu, Pimentel, como governador eleito, se torna peça local importante para o desempenho de Dilma em Minas. O estado é o segundo maior colégio eleitoral do país, com 15 milhões de títulos. No primeiro, São Paulo, berço do PT, ela perdeu.
Ontem, ao tentar minimizar a derrota sofrida em São Paulo no primeiro turno, Dilma ironizou o fato de Aécio ter perdido em Minas. “Fiquei muito feliz com minha votação em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Quem me conhece votou em mim”, disse a presidente, em entrevista coletiva. Questionada se estava se referindo à derrota de Aécio em Minas, ela confirmou: “Você está deduzindo, você é rápida.” Sobre sua derrota em São Paulo, entretanto, inclusive no ABC paulista, onde o PT nasceu, a petista não quis arriscar uma análise: “Minha querida, meu diagnóstico é que não tive voto.”
No momento em que a candidata do PSB, Marina Silva, agora fora da disputa, indica que apoiará Aécio no segundo turno, Dilma afirmou que ninguém pode abrir mão de apoio, mas disse que ninguém é “dono do eleitor”. A presidente classificou ainda como “lamentável e elitista” a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que o PT cresceu nos grotões e que tem os votos dos “menos informados”.
Reunião Dilma passou o dia reunida com o marqueteiro João Santana, governadores, senadores e deputados eleitos, além de ministros e correligionários. No encontro, em que ela reforçou as comparações ao governo Fernando Henrique Cardoso, foi escolhido o mote para o segundo turno: “Dilminha paz e amor”, no estilo Lula 2002 revisitado. Segundo Santana, “não é preciso pancadaria”, e sim fazer uma “campanha propositiva”. Entretanto, dificilmente a bandeira branca será hasteada na guerra por votos até 26 de outubro.
Segundo Dilma, o segundo turno das eleições será marcado pela contraposição dos legados dos oito anos do PSDB no poder com os 12 anos de governo do PT. “Eu e o candidato do PSDB estamos apresentando agora para os eleitores as nossas propostas de governo, mas também, na medida em que temos governos que nos respaldam, vamos debater em alto nível projetos para o país baseados naquilo que já fizemos”, disse. (Com agências)
Prazo para explicação
O procurador da República Frederick Lustosa de Mello deu prazo de 30 dias para que a presidente Dilma Rousseff dê explicações sobre denúncia de uso político dos Correios para beneficiar sua campanha à reeleição. Uma investigação preliminar foi instaurada pela Procuradoria da República no Distrito Federal, a partir de representação do PSDB baseada em reportagens que revelaram que os Correios abriram uma “exceção” para entregar 4,8 milhões de panfletos da candidata sem chancela. Em vídeo, o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) credita aumento das intenções de voto em Dilma em Minas à ação dos Correios.