Jornal Estado de Minas

Dilma Rousseff quer abrir depoimentos

Presidente defende divulgação ampla e irrestrita das apurações que envolvem a Petrobras

Marcelo da Fonseca
"Não tomarei esse tipo de medida demagógica pré-eleitoral. Eu demito quem tem culpa. Não vacilo diante de provas e peço explicações quando há indícios" - Dilma Rousseff (PT), presidente e candidata à reeleição, em entrevista em Contagem, na Grande BH - Foto: Marcos Vieira/EM/DA Press
Em sua primeira agenda de campanha em Minas Gerais durante o segundo turno, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) defendeu a divulgação “ampla e irrestrita” de todas as apurações sobre casos de corrupção na Petrobras. Ela afirmou que pediu informações, por meio de ofício, à Polícia Federal e ao Ministério Público, para saber de todos os envolvidos no esquema e criticou “vazamentos seletivos durante a campanha eleitoral”. “Qualquer denúncia tem que ser apurada, doa a quem doer. Apure-se tudo, sempre. Ninguém está livre de ser investigado, ao contrário do que acontecia em outros governos”, disse Dilma.


Nesta semana, foram divulgados depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef que comprometem o PT, o PMDB, o PP. A presidente cobrou maior cuidado com os depoimentos, ressaltando que será preciso provar o envolvimento de cada um dos agentes públicos citados. “Um presidente tem que ter responsabilidade e respeitar os direitos constitucionais de defesa. Não posso condenar ninguém sem prova. Não tomarei esse tipo de medida demagógica pré-eleitoral. Eu demito quem tem culpa. Não vacilo diante de provas e peço explicações quando há indícios.”

Segundo ela, a forma como os depoimentos foram divulgados pode comprometer até mesmo o andamento das investigações. “Acho que não é a Polícia Federal que está fazendo vazamentos. Inclusive, temos que ter muito cuidado com alguns vazamentos, porque, dependendo de como você o faça, se compromete provas, e, portanto, pode atrapalhar a punição de envolvidos”, ressaltou.

No final da manhã de ontem, a petista participou de carreata e fez uma curta caminhada pela Avenida João César de Oliveira, no Bairro Eldorado, em Contagem. No início da tarde ela se encontrou com prefeitos e militantes do PT e de partidos aliados em um centro de convenções em um hotel no Bairro Riacho da Pedras. A presença de Dilma no estado é uma tentativa da campanha da candidata à reeleição de manter o bom resultado obtido por ela no primeiro turno, quando saiu vitoriosa em Minas.

PROGRAMA Dilma falou sobre o programa Mais Especialidades, que, segundo ela, vai promover parcerias entre o setor público e o privado para ampliar o acesso às consultas médicas com especialistas. “Esse programa está no caminho de resolver o que é considerado pela população um dos maiores problemas do país, que é o setor da saúde. Há uma demora muito grande para se marcar consultas. Vamos combinar os centros públicos de especialidades com consultórios, laboratórios e clínicas privadas, para garantir o atendimento à população”, prometeu.

Ao lado de governador eleito Fernando Pimentel (PT), Dilma fez críticas ao adversário tucano, destacando o “baixo investimento na saúde” durante a sua gestão no governo de Minas e nas posteriores. Em nota, o governo do estado informou que, de acordo com o Índice de Desenvolvimento do SUS (IDSUS), aferido pelo Ministério da Saúde, o estado tem a melhor saúde da Região Sudeste e a quarta melhor do Brasil. “Portanto, é o próprio governo federal administrado pelo PT que atesta a qualidade do sistema público de saúde de Minas”, diz a nota.