O governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), afirmou nessa terça-feiraontem que vai assumir um estado com caixa curto e que precisará de informações que serão repassadas até o final do ano pela comissão de transição para decidir se fará uma reforma para criação ou extinção de secretarias, autarquias e fundações. Ao mesmo tempo, Pimentel adotou discurso de forma a acalmar os funcionários públicos, dizendo que não pretende fazer “mudanças abruptas”. “Vamos trabalhar com serenidade. Aquilo que estiver funcionando bem, vamos manter. Não há motivo para pânico em nenhum setor do estado. Quem tiver que ser substituído o será ao longo desse trabalho”. A dívida de Minas hoje é de aproximadamente R$ 70 bilhões. A arrecadação do ICMS, imposto responsável pela maior parte das receitas tributárias dos estados até agosto, foi de aproximadamente R$ 24 bilhões.
A comissão de transição foi anunciada ontem por Pimentel e terá como coordenador Marco Antonio Rezende, procurador da prefeitura de Belo Horizonte durante a administração do petista. O grupo será formado ainda por Helvécio Magalhães, Murilo Valadares e Paulo Moura – todos ex-secretários de Pimentel na prefeitura – e ainda Eduardo Lima de Andrade, colaborador da campanha, Marco Antonio Crocco, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do programa de governo do comitê petista, e Marco Antonio Castelo Branco, ex-presidente da Usiminas, hoje vice-presidente da Fiemg.
Segundo Pimentel, a comissão começará a trabalhar assim que o governador Alberto Pinto Coelho (PP) anunciar o local em que o grupo vai se reunir. “Imagino que teremos uma relação tranquila, serena, republicana”, previu o governador eleito. Sobre o prazo para o término dos trabalhos do grupo, Pimentel disse que o encerramento deverá ocorrer com sua posse. O governador eleito afirmou ainda que outras pessoas poderão ser convocadas para ajudar na comissão.
De acordo com o petista, os nomes para o secretariado e para estatais como Cemig, Copasa e Codemig, serão anunciados somente em 1º de janeiro. Sobre as empresas públicas com capital aberto, Pimentel disse que as mudanças serão feitas de modo a “não provocar danos” nas cotações das ações no mercado. Segundo ele, eventuais mudanças no organograma do governo do estado ocorrerão e serão anunciadas se sua necessidade for comprovada em diagnóstico a ser feito durante a transição. Pimentel anunciou ainda a criação de uma comissão política que ficará encarregada de articular a base do governador na Assembleia Legislativa. O vice-governador eleito, Antonio Andrade, comandará o grupo.
Campanha
Pimentel disse estar se “desdobrando” e se “alternando” entre a caça a votos para a presidente Dilma Rousseff (PT) no estado e o trabalho como governador eleito. “Nos últimos dias não saí do telefone, conversando com lideranças de todo o estado”, afirmou ele, durante a entrevista, que contou com a participação do presidente do PT em Minas. No sábado, ele participa de ato de campanha em Belo Horizonte com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governador eleito classificou como “natural” a disputa acirrada no segundo turno entre Dilma e o senador Aécio Neves (PSDB).