Há aproximadamente 12 mil advogados dativos em Minas Gerais, que prestam assistência jurídica àqueles que não têm recursos para contratar um profissional. Para garantir o direito ao acesso à Justiça dos cidadãos carentes, a Constituição Federal estabelece que seu atendimento seja feito por defensores públicos. “A primeira função dos advogados dativos é atuar onde não há defensoria pública. E em diversas outras situações, como nas comarcas que só têm um defensor público – e num processo em que as duas partes são carentes, o defensor não pode assistir ambas”, esclarece Sérgio Murilo. “O honorário que o dativo recebe não é propriamente um honorário, pois o valor é muito baixo.
Para fazer o atendimento aos carentes, no início de 2013, foi assinado um convênio entre o governo mineiro e a OAB. Por meio dele, ficou assegurada a participação de advogados dativos em ações judiciais – especialmente nos municípios menores, onde não há defensores públicos. No entanto, uma queda de braço entre a entidade, o governo de Minas e o Poder Judiciário em torno da emissão das certidões que comprovam a atuação dos dativos levou à interrupção do pagamento. Em princípio, seria uma questão burocrática. Cabe ao juiz emitir uma certidão para que o Estado pague os dativos. No entanto, segundo a OAB explicou à época, os juízes não estavam seguindo o modelo e formato exigidos pela Advocacia Geral do Estado (AGE) para fazer o pagamento. Quando as certidões eram anuladas ou devolvidas, o Judiciário se negava a emitir novo documento. A esse problema se somou a falta de recursos para a continuidade dos pagamentos, segundo a entidade.
Diante da inadimplência, a OAB cancelou o convênio e encaminhou documento aos cerca de 12 mil advogados dativos inscritos em Minas Gerais desobrigando-os de assumir processos em que forem nomeados. “Orientamos que a recusa não constitui infração disciplinar. Da mesma forma que os incentivamos a aderir ao convênio, agora estamos desencorajando-os, até que o governo resolva pagar”, argumentou, à época, o presidente da seção mineira da OAB, Luís Cláudio Chaves. O passivo do governo mineiro com a entidade, deduzido o desembolso realizado este mês, gira em torno de R$ 5,5 milhões.
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