O primeiro debate entre os candidatos a presidente da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), transmitido ontem à noite pela TV Bandeirantes, foi marcado pela rispidez e troca de acusações. Nas perguntas e respostas entre si sobre temas como corrupção, segurança pública, saúde, funcionalismo e inflação, foram várias vezes usados termos como leviandade, mentira, desinformação e falta de memória. Minas Gerais e políticas desenvolvidas no estado durante os quase 12 anos de gestão tucana também ganharam destaque. O único momento de descontração foi no final do debate, em que os presidenciáveis trocaram beijos de despedida.
Denúncias de corrupção marcaram os momentos mais tensos – especialmente quando o assunto foi o vazamento do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que informou à Justiça que o PT, PMDB e PP dividiam propina de 3% do valor de contratos firmados com 13 empresas. Aécio Neves reclamou que Dilma não mostrou indignação com o conteúdo das declarações. A petista rebateu, dizendo que sempre defendeu a apuração de todas as denúncias de irregularidades e que no governo petista foram aprovadas as leis da delação premiada a que garante a independência dos delegados no seu trabalho de investigação. Disse também que vários escândalos como a compra de votos para a suposta aprovação da emenda que previa a reeleição e ninguém foi preso. Aécio foi enfático: “Não queira nos igualar, candidata”.
Ao ser acusado de empregar membros da família no governo mineiro, novo bate-boca.
Dilma Rousseff (PT) também questionou Aécio sobre a geração de empregos e falou sobre a “lógica do retrocesso”. “A senhora volta com o discurso do medo. Realmente, há medo na sociedade. Medo de o PT governar por mais quatro anos”, disse. Ao comentar sobre a inflação, Aécio questionou Dilma se não seria a hora de o governo do PT reconhecer “equívocos e falhas”. A petista argumentou que o adversário tem “memória curta” e que seu governo garantiu uma inflação controlada e dentro dos limites da meta. No entanto, fatores envolvendo alimentos e energia resultaram em uma pressão sobre a inflação.
Aécio Neves ainda acusou Dilma de dizer “inverdades” sobre os adversários e perguntou se a presidente não se arrepende de uma campanha com “ataques cruéis”.
TCE Números dos quase 12 anos de governo tucano em Minas ocuparam boa parte do debate. Dilma questionou o fato de o governo mineiro ter sido acusado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de ter deixado de aplicar R$ 7,6 bilhões na saúde. A petista foi acusada por Aécio de ser “desinformada”. Ele lembrou que o Ministério da Saúde considerou Minas o estado do Sudeste com melhor atendimento médico e reclamou que o governo do PT reduziu o volume de recursos para o setor.
Dados da violência geraram atrito. Enquanto Dilma questionou o crescimento de 52% na taxa de homicídios nos últimos 10 anos em Minas Gerais, Aécio argumentou que somente no ano passado foram assassinados 56 mil jovens no Brasil. Caso eleito, o tucano prometeu assumir o comando de uma política nacional de segurança pública.
Aécio Neves perguntou sobre a falta de políticas de valorização do funcionalismo e ouviu da petista que a Lei Complementar 100, aprovada em Minas, foi alvo de uma ação que questionou a efetivação, sem concurso público, de 98 mil servidores, a maioria da educação. O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a lei e determinou a demissão de todos os que ainda não tenham completado o tempo para a aposentadoria. Aécio lembrou que os deputados do PT ajudaram a aprovar a lei na Assembleia Legislativa. .