São Paulo – A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), disse a sindicalistas que pretende criar uma mesa de negociação tripartite – com trabalhadores, governo e empresários – para voltar a debater o fim do fator previdenciário, mas preferiu não se comprometer em acabar com o mecanismo. “Ela disse: ‘Eu não vou enganar vocês porque estou em campanha, não vou dizer que vou acabar com o fator previdenciário, mas vou retomar o processo de debate como fizemos no governo Lula’”, relatou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, após deixar a gravação que a presidente fez ontem pela manhã com cerca de 200 sindicalistas, em São Paulo.
A falta de canais de diálogo com a presidente foi uma reclamação constante das centrais sindicais durante o governo Dilma. Patah disse também que a presidente garantiu que não haverá flexibilização da CLT “nem que a vaca tussa”. A flexibilização nas leis trabalhistas é um dos temas polêmicos desta eleição. Foi usada no primeiro turno pela presidente Dilma para atacar o programa de governo da candidata derrotada Marina Silva (PSB). Marina disse que pretendia “revisitar a CLT” (Consolidação das Leis Trabalhistas) e Dilma afirmou que isso significaria ameaça de redução dos direitos dos trabalhadores. Segundo Juruna, Dilma se comprometeu a não alterar os direitos trabalhistas, ainda que se reveja a CLT.
Além desses assuntos, Dilma teve de responder quais eram suas propostas e compromissos para a política de reajuste do salário mínimo, para a regulamentação das negociações para os servidores públicos e sobre políticas de proteção à mulher.
Em relação ao salário mínimo, Dilma se comprometeu a mandar um projeto de lei para manter o atual formato de reajuste, que vencerá em 2015. Por esse modelo, o indexador do salário mínimo equivale à soma Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior com a variação do Produto Interno Bruto (PIB) registrada dois anos antes da entrada em vigor do reajuste.
Juruna relatou que Dilma também se comprometeu a criar uma data-base de negociações para o servidor público, da mesma forma como acontece com as categorias do setor privado. “Propusermos ter data-base para o servidor público e ela disse que vai topar”, afirmou.
Segundo pessoas presentes no encontro, o clima foi descontraído e a presidente se mostrou bastante à vontade com os temas. Já o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse apenas que o encontro de ontem “cumpriu o seu objetivo”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou no evento. As gravações de ontem vão ao ar no programa eleitoral de Dilma ainda esta semana. Ontem Dilma usou a maior parte da propaganda eleitoral da TV para mostrar trechos do debate da terça-feira, na Bandeirantes.
Ainda em São Paulo, Dilma se encontrou com representantes dos professores e voltou a criticar a fala do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que o eleitor que vota no PT é desinformado. “Elitistas a gente sabe que eles sempre foram, só não precisava exagerar”, disse a presidente. Em um discurso pautado pelo embate entre “nós e eles”, Dilma disse que “ao contrário deles, fizemos uma política de valorização do salário mínimo”.
Ela voltou a dizer que o que está em jogo nas eleições é o futuro do Brasil nas próximas décadas. “Por isso, na campanha, temos que comparar o que acontece, ver o que conseguimos fazer, e fazer dessas conquistas uma plataforma para novas conquistas”, disse.
Dilma exaltou a destinação de royalties do petróleo para a educação e o maior número de escolas técnicas federais criadas pelo governo do PT na comparação com o governo tucano. “Eu não comparo a minha soma com a deles porque é covardia, é 422 a 11. É dose”, disse. Dilma afirmou que até o dia 26 de outubro vai ser um permanente combate. “Nós com a verdade e eles com a mentira, nós com a esperança e eles com ódio.”