Cálculos feitos pelo Estadão Dados mostram que, se as coligações fossem proibidas, o número de partidos com assento na Câmara na próxima legislatura cairia de 28 pra 22.
Além disso, haveria uma ampliação do peso dos maiores partidos.
O principal beneficiado por essa mudança - já cogitada em discussões sobre reforma política - seria o PMDB: sua bancada cresceria de 66 eleitos para 102. O PT ficariam com 31 representantes a mais, passando de 70 para 101. E o PSDB, em vez de 54 deputados, elegeria 71.
Os números evidenciam que as alianças nas eleições para deputados são sempre um mau negócio para os partidos grandes e uma bênção para os médios e pequenos. O que leva então as maiores legendas a aceitar esse tipo de acordo?
Aí é que entra o fator tempo de televisão. A única forma de candidatos a governador ou presidente ampliarem sua presença no palanque eletrônico é fechar alianças com outros partidos, absorvendo, assim, o tempo de propaganda a que cada sigla tem direito. Como contrapartida, os nanicos costumam exigir que a aliança para o cargo majoritário se reproduza na disputa proporcional.
Isso acontece porque os partidos menores têm dificuldades para atingir o quociente eleitoral, número de votos necessários para ganhar uma vaga na Câmara.
A regra das coligações, porém, permite que esse total de votos seja obtido não apenas pelos partidos, mas também por coligações. Assim, tomando novamente o exemplo de São Paulo, uma legenda pode eleger dois representantes mesmo sem alcançar 600 mil votos - basta que sua coligação o faça.
Distorções
Além de contribuir com a fragmentação partidária, as coligações na eleição para deputado também geram distorções na representação da vontade do eleitor. Como é comum que elas sejam feitas sem critérios programáticos ou partidários, alguém pode votar em um partido de esquerda e ajudar a eleger um parlamentar de direita, ou vice-versa. .