O índice de "suruba eleitoral" seria ainda maior caso fossem excluídos do cálculo os quatro nanicos de esquerda (PSOL, PSTU, PCB e PCO), que quase não se coligam com nenhuma legenda. Dessa maneira, 99,5% dos 406 casamentos possíveis entre partidos teriam acontecido - as únicas duas exceções seriam PT e PSDB, que não estão juntos em nenhum Estado, e PT e PMN.
"A regra das coligações para deputado federal no Brasil, que não precisam seguir a lógica das alianças para presidente ou mesmo serem iguais em cada Estado, é algo totalmente singular. Não conheço lugar no mundo em que os partidos tenham autonomia para celebrar coligações nacionais para o Congresso desse jeito", afirma o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jairo Nicolau.
De acordo com Nicolau, uma saída para esse sistema seria abolir as coligações para deputado federal mas, para impedir que o quociente eleitoral vire uma cláusula de barreira intransponível, permitir que partidos com menos votos que esse limite possam participar da divisão das vagas que sobraram após a divisão dos votos de cada partido pelo quociente. "O problema é que quanto mais fragmentada a Câmara, mais difícil fica para mudar essa norma", diz. .