São Paulo e Brasília – Onze dias após o início do segundo turno das eleições presidenciais, o tucano Aécio Neves (34,8 milhões de votos) e a socialista Marina Silva (22,1 milhões de votos) finalmente se encontraram pessoalmente para selar a aliança de oposição à candidatura da petista Dilma Rousseff (43,1 milhões de votos). Aécio e Marina, que celebraram uma aliança “a favor do Brasil”, conversaram a sós por cerca de uma hora e afinaram os discursos em torno de um projeto comum de mudança.
Depois disso, apareceram lado a lado e reafirmaram o casamento político, tendo como base compromissos como a democracia, as políticas sociais e o desenvolvimento sustentável. De acordo com Aécio, ainda não foram discutidas eventuais participações da líder da Rede em palanques ou outros atos públicos.
“Digo sem receio que este é o momento mais importante desta caminhada”, celebrou Aécio. “Somamos forças em torno de um movimento em favor do país. Deixo de ser o candidato de uma coligação para ser o representante de um grande movimento de transformação que precisa acontecer no Brasil”, sustentou o tucano.
Marina também se mostrou à vontade na aliança. “Acompanho com alegria a sua manifestação”, respondeu a socialista, mostrando sintonia com o novo aliado. “A partir de agora, você (Aécio) trabalha por um movimento de mudança qualificada, que preserva as conquistas, encara desafios, não é complacente com os erros e compreende que a mudança só pode ser feita por todos nós”, enalteceu.
A candidata do PSB só aceitou aparecer publicamente ao lado de Aécio após o tucano assumir compromissos que constavam no plano de governo do PSB. “Três eixos fundamentais devem ser ressaltados: a defesa intransigente da democracia, o avanço e a institucionalização das políticas sociais, em especial os programas de transferência de renda, e o desenvolvimento sustentável”, explicou Aécio.
O presidenciável do PSDB garantiu que trabalhará por uma economia de baixo carbono e para transformação de programas como o Bolsa-Família em lei.
De acordo com Aécio, os dois candidatos não debateram possíveis participações da socialista em palanques e comícios. O tucano disse ainda que seria um “desrespeito” conversar sobre participações dela num eventual governo. “A situação, como a Marina vem participando, é a mais adequada possível. Estou extremamente agradecido com sua generosidade”, disse Aécio, que classificou a ex-senadora de “minha amiga e grande brasileira”, e ainda elogiou o novo visual de Marina, com um raro penteado com rabo de cavalo. “Falou-se na construção de um novo projeto para o Brasil. Caberá a ela definir como irá participar.”
Marina explicou seu posicionamento. “Estou aqui como parte de um movimento que entende que pode melhorar o Brasil para todos nós. Um movimento com compromissos com a questão da reforma agrária, da sustentabilidade, da demarcação das terras indígenas”, elencou Marina. “E que, ao mesmo tempo, tem compromisso com o desenvolvimento econômico-social, em um país que tem lugar para o agronegócio, para a indústria, para o turismo e para a ética na política”, completou, aproveitando para alfinetar a campanha agressiva de Dilma Rousseff, que vitimou a ex-senadora no primeiro turno e agora volta a mira para Aécio Neves. “Não vale tudo para ganhar as eleições”, criticou.
Salvador Mais tarde, em Salvador, Aécio defendeu a investigação das denúncias de que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em março deste ano, pediu R$ 10 milhões ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para ajudar a esvaziar a CPI da estatal em 2009. “É o mesmo tratamento para todos. Temos de permitir que as investigações avancem e sejam feitas. Se alguém tiver responsabilidade, independentemente do partido ao qual esteja filiado, deve responder pelos seus atos”, disse Aécio.