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Estado de Minas

Aécio diz que aliança é igual à feita por Tancredo


postado em 18/10/2014 08:19 / atualizado em 18/10/2014 08:55

No primeiro ato público ao lado do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB) criticou o clima de "vale-tudo" eleitoral e disse ser preciso resgatar a "ética na política". O tucano, por sua vez, comparou a aliança selada entre os dois com o movimento que foi feito na década de 1980 para tirar os militares do poder.

Marina, que terminou a corrida presidencial em terceiro lugar, anunciou apoio à candidatura de Aécio no último domingo, mas só ontem os dois apareceram juntos em público. Em junho, quando a ex-ministra ainda era vice na chapa de Eduardo Campos, ela chegou a dizer que não subiria "em hipótese alguma no palanque do PSDB".

Ontem, porém, o ato foi marcado por uma intensa troca de elogios entre os antigos adversários. Em seu discurso, o tucano classificou o momento como o "mais importante" da sua "caminhada" até aqui e afirmou que a união com Marina teve como base três eixos: a defesa da democracia, o avanço das políticas sociais e o desenvolvimento sustentável.

Já a ex-ministra agradeceu pela forma "generosa" com que estava sendo tratada por Aécio e lembrou que o acordo entre os dois incluía o compromisso com a reforma agrária e com a proteção dos direitos indígenas.

Apesar de bastante esperado pelos tucanos, o encontro entre Marina e Aécio durou menos de uma hora e teve como objetivo principal gravar cenas para o horário eleitoral da TV. A ex-candidata surpreendeu aos aliados ao comparecer ao evento com os cabelos presos num rabo de cavalo, sem o seu habitual coque. Aos jornalistas, disse que, como estava gripada, não faria bem prender o cabelo molhado. Essa foi a única declaração dada à imprensa. Marina, que é conhecida por defender a nova política, deixou o local sem comentar, por exemplo, o fato de o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra ter sido acusado de receber propina pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.


Aécio também não falou sobre o assunto. Em rápida entrevista coletiva, preferiu comparar a união com Marina à "Aliança Democrática" de 1985, que teve como objetivo vencer a eleição indireta para a Presidência da República daquele ano e, assim, pôr fim a mais de duas décadas de ditadura militar.

"Eu participei como um espectador privilegiado ao lado do meu avô (Tancredo Neves) da construção da aliança democrática que tinha um único objetivo, encerrar o ciclo autoritário no Brasil, acabar com a ditadura. Hoje temos um outro desafio, que não é menor do que aquele, que é encerrar este ciclo de governo que aí está e que perdeu as condições de governar o Brasil pelo fracasso na economia e no descompromisso com a ética", disse.

Segundo Aécio, as forças que se uniram em torno do nome de Tancredo naquele ano também atuavam em campos distintos do ponto de vista ideológico, mas tinham um objetivo comum, que era acabar com a ditadura. Ele lembrou ainda que, embora seu avô tenha morrido antes de assumir a Presidência, os frutos dessa aliança perduram até hoje. Para ele, a aliança com Marina teria esse mesmo simbolismo, pois representaria a nova política e o fim de 12 anos do PT no poder.

Vale-tudo

Depois de ouvir Marina afirmar que "não vale tudo para ganhar uma eleição" e dizer que esperava que ele vencesse a disputa sem deixar de lado seus princípios éticos, Aécio criticou o tom que a campanha vem tendo até aqui e culpou a presidente Dilma Rousseff por não fazer um debate propositivo.

"O desespero dos nossos adversários está levando com que eles percam a noção, a sensatez de uma disputa que deveria ser programática. Política não é uma guerra, não pode ser este vale-tudo, não pode continuar neste caminho de querer destruir reputações para ganhar eleição, ganhar pra quê?", disse.

TV

O encontro entre Marina e Aécio não passou despercebido pela campanha de Dilma. Ontem, o PT exibiu na sua propaganda de TV trechos de um debate no 1.º turno da eleição em que Marina e Aécio se criticam. Segundo a petista, o adversário muda de opinião de acordo com "as conveniências de momento".

A aliança com Marina é a grande aposta do tucano para vencer a candidata do PT. O apoio da ex-ministra, porém, pode não ajudá-lo tanto assim. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, enquanto 20% dos eleitores disseram que o apoio de Marina "poderia" levá-los a votar em alguém, 23% afirmaram que não votariam num candidato apoiado por ela.


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