São Paulo - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), caminha para o fim de seu primeiro mandato sem sinalizar os integrantes da equipe do novo governo a partir de janeiro do ano que vem. Até agora, o único nome praticamente garantido no primeiro escalão é o de Saulo de Castro, atual chefe da Casa Civil.
Homem de confiança do governador, considerado um "bom tocador de obras" e administrador "pulso firme", Saulo, de 47 anos, cumpre como um verdadeiro "gerentão" as atribuições de gestão da pasta. Desde que assumiu, recebeu a missão de dar total atenção aos temas competentes à administração e abandonar as funções políticas da Casa Civil. O motivo, segundo integrantes do governo, é a incompatibilidade de seu perfil com temas voltados à articulação política.
Temperamento
Ex-promotor de Justiça e mestre em direito, Saulo se aproximou de Alckmin quando era presidente da Febem, em 2001, depois da morte do ex-governador Mário Covas. Após assumir a Secretaria de Segurança Pública, em 2002, Saulo gerou burburinhos no Palácio dos Bandeirantes em razão de seu temperamento. Ex- colegas de secretariado costumam descrevê-lo como "exaltado" e até "truculento".
Em 2004, Alckmin bancou o nome de Saulo para a disputa pela Prefeitura de São Paulo. O então secretário já se movimentava para participar da convenção partidária, mas José Serra acabou aceitando concorrer à sucessão de Marta Suplicy (PT), enterrando a movimentação interna no PSDB.
Polêmicas
Foi durante sua gestão na secretaria de Segurança que Saulo vivenciou os períodos mais polêmicos de sua vida pública. Nessa época, ele chegou a ser investigado por abuso de poder por acionar um grupo de elite da Polícia Civil para averiguar congestionamento em frente ao restaurante japonês no qual jantava com a mulher.
Também protagonizou o episódio em que mostrou o dedo médio a deputados durante um depoimento prestado à Comissão de Segurança Pública na Assembleia em 2006. Os parlamentares protocolaram uma ação contra o então secretário no Ministério Público por "desacato".
Sob seu comando, a Secretaria de Segurança Pública foi alvo de investigação da Promotoria de Justiça de São Paulo por suspeitas de a pasta usar as verbas de operações policiais sigilosas para outros fins.
No seu próximo mandato, o plano de Alckmin é aliar o rigor de Saulo com a habilidade política de Edson Aparecido - que deixou a Casa Civil para assumir a coordenação da campanha à reeleição. A tendência é que o governador esvazie as atribuições da Casa Civil, mantendo nela apenas as funções políticas, que devem ficar sob comando de Aparecido.
Saulo continuaria tocando o governo, mas realocado em outra pasta. No caso, o rumor mais forte no Palácio dos Bandeirantes é de que Alckmin vai ressuscitar a antiga secretaria de Governo, criada na gestão de Covas. Procurado pelo Estado na semana passada, Saulo de Castro se recusou a atender aos pedidos de entrevista.