Com a disputa eleitoral pegando fogo em torno do papel dos bancos públicos no próximo governo, o Banco do Nordeste (BNB) se envolveu em mais um episódio de uso de e-mail institucional para pedir votos para a presidente Dilma Rousseff. Num e-mail do BNB, que é vinculado ao Ministério da Fazenda, a secretária do banco, Maria Ronilda de Oliveira, convoca outros funcionários da instituição para uma "grande manifestação" nesta terça-feira, 21, em defesa das estatais e pela reeleição da presidente Dilma.
Procurado, o BNB informou, por meio de nota, que a funcionária foi notificada logo que a mensagem foi identificada. A nota não fala em punições, mas destaca que o correio eletrônico concedido a cada um de seus funcionários obedece às normas e deve se restringir, exclusivamente, à finalidade institucional.
Não é o primeiro caso de uso de e-mail institucional do governo para a campanha. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo da semana passada mostrou que uma funcionária da Caixa utilizou o e-mail corporativo do banco para enviar mensagem a colegas com a ameaça de que o banco será "privatizado" caso o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, vença as eleições. O e-mail foi enviado a um número restrito de destinatários. A funcionária da Caixa foi advertida pelo ato pelo supervisor direto e teve a conta bloqueada assim que o banco teve conhecimento da ação. Servidores do Banco do Brasil também receberam, no e-mail corporativo, mensagem com teor semelhante. Com o título "Tucanos querem acabar com os bancos públicos", o e-mail partiu de um grupo que se denomina "Unidade BB", formado por "militantes sindicais e políticos", ligados à Articulação Sindical, corrente da CUT.
O uso do e-mail institucional do BNB para fins eleitorais foi denunciado pelo assessor econômico de Aécio Neves na campanha, Mansueto Almeida, no seu blog na internet. "É sempre a mesma coisa - uso de e-mail institucional para pedir voto para a presidente. Acho que as pessoas que tomam essa atitude ou não sabem que estão infringindo a lei ou acham que o partido do governo pode fazer qualquer coisa para ganhar a eleição", critica o economista licenciado do Ipea.
Nessa reta final da campanha, a presidente Dilma tem atacado o adversário com críticas de que Armínio Fraga, indicado para o Ministério da Fazenda, em caso de vitória, vai reduzir o papel dos bancos públicos no crédito à população.