Entregue pela Petrobras, o documento médico apenas informava que o diretor da estatal estava impossibilidade de participar da sessão devido a uma “intercorrência clínica” no início da noite de terça-feira. “Determino o seu afastamento das atividades por 48 horas (dois dias) a contar desta data, enquanto avaliamos a resposta ao novo esquema medicamentoso”, escreveu Castro em 21 de outubro.
Ao abrir a sessão, por volta das 15h de ontem, o presidente da CPI Mista, Vital do Rêgo (PMDB-PB), iniciou a leitura do documento esclarecendo que o motivo da ausência do diretor era “pressão arterial primária”, de acordo com a CID I.10/F 418. Vital acrescentou que a informação havia sido acrescentada posteriormente pelo médico, que estava no Rio. “O atestado médico depois foi complementado pelo CID e chegou à CPI”, informou Vital ao líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).
“Por que é que a Petrobras está enviando um documento como este aqui, de pessoa jurídica? Nós não convocamos a Petrobras.
Para justificar a falta de um funcionário, o Senado exige a informação da CID no atestado. A regra não se estende necessariamente aos convocados das comissões. Ao Estado de Minas, o médico José Eduardo Castro alegou não ter nenhuma obrigação – de acordo com o Conselho Federal de Medicina – de fornecer a patologia do paciente no documento. Ele, porém, negou ter enviado atestado sem a informação. A Petrobras não quis comentar a suposta adulteração.
Vital do Rêgo, que é médico, disse ter mandado investigar a suspeita de adulteração. “A CID veio após uma solicitação dessa secretaria para complementar as informações”, disse Vital. Os parlamentares levantaram a suspeita de que a letra e a tinta da caneta da CID eram diferentes da usada pelo médico. A oposição exigiu um exame grafotécnico do documento. “Este atestado está adulterado.
A sessão de ontem foi encerrada sem a análise de nenhum requerimento. Há uma lista de cerca de 400 aguardando apreciação dos parlamentares. No encontro, porém, ficou acertado o depoimento do doleiro Alberto Youssef à CPI da estatal para quarta-feira. Mas a expectativa dos congressistas é que Youssef repita o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e não declare nada aos parlamentares, uma vez que ele também negocia delação premiada na Operação Lava a Jato.
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