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Estado de Minas

Corrupção põe Aécio no ataque e Dilma na defesa

Aécio volta ao ataque com Petrobras e mensalão. Dilma se defende e cita crise da água


postado em 25/10/2014 06:00 / atualizado em 25/10/2014 07:27

(foto: AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON )
(foto: AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON )
 

As denúncias de corrupção na Petrobras, inflação e segurança pública voltaram a se destacar entre os principais temas discutidos pelos candidatos ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), no último debate presidencial de 2014, transmitido na noite de ontem pela Rede Globo. O encontro teve momentos ásperos, mas os adversários mantiveram tom respeitoso. A participação de eleitores indecisos aumentou o leque de temas. Em sua primeira pergunta à presidente Dilma, Aécio questionou se a candidata à reeleição sabia das irregularidades na estatal. Por sua vez, Dilma citou, no terceiro bloco, a escassez de água em São Paulo, creditando-a à falta de planejamento do governo tucano no estado.

Aécio abriu o debate citando reportagem publicada na revista Veja que afirma que o doleiro Alberto Youssef teria dito, em depoimento de delação premiada ao Ministério Público, que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabiam do esquema na Petrobras. Antes, classificou a campanha como a “mais sórdida” dos últimos anos e citou Eduardo Campos, presidenciável do PSB que morreu em acidente de avião, e Marina Silva (PSB), terceira colacada na disputa ao Planalto, como vítimas dos ataques petistas. “Essa campanha vai passar para a história como a mais sórdida, com infâmias e calúnias. Um péssimo exemplo, que também foi usado contra Eduardo Campos e Marina Silva. Hoje uma revista traz denúncias graves sobre o petrolão. Gostaria de saber se a senhora sabia dos desmandos que ocorriam na Petrobras?”, perguntou Aécio.

Em sua resposta, Dilma disse que a revista faz “oposição sistemática” ao seu governo e ao ex-presidente Lula. Ela avaliou a denúncia como um ato de “calúnia e difamação” e afirmou que “a falta de provas demonstra uma tentativa de golpe às vésperas da eleição”. “A revista faz um jogo sujo, como fez nas eleições de 2002, 2006, 2010 e agora. Terá que responder na Justiça sobre essa acusações infundadas”, afirmou a petista.

Porto em Cuba

O tucano voltou à carga perguntando se a adversária considera adequada a punição do ex-ministro José Dirceu – que chefiou a Casa Civil no governo Lula – no processo do mensalão. Ela esquivou-se citando suposto esquema envolvendo tucanos. Aécio questionou ainda por que o financiamento do Brasil à construção de porto em Cuba é secreto. Dilma disse que o governo dela não tem nada a esconder e que a construção do porto gerou vários empregos no Brasil. Aécio, por sua vez, afirmou que pedirá à Procuradoria Geral da República que investigue o financiamento em prazo superior ao normal e as razões que levaram o Banco Nacional de Desenvolvimento Social a aceitar garantia em pesos cubanos e não em dólar ou euro, como de costume.

A economia também foi um dos temas recorrentes ao longo do debate. Aécio criticou o baixo crescimento do país e apontou a inflação como “fora de controle e perversa para o povo brasileiro”. “O Brasil é um dos países que menos cresce na região. A taxa de crescimento é a pior da década. Seu governo afugentou investimentos. E já temos a inflação fora de controle. Temos hoje um cemitério de obras pelo Brasil”, disse Aécio. Por sua vez, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, criticou a atuação ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na condução da economia brasileira e ressaltou a criação de empregos em seu governo: “Nós criamos empregos e aumentamos o salário mínimo, em 71% em termos reais”, afirmou a petista. Ela ainda criticou a gestão de Aécio no governo de Minas, questionando o motivo de “não ter aplicado o mínimo constitucional na saúde quando foi governador”.

Seca
Dilma perguntou se Aécio considera que “falta planejamento” do governo de Geraldo Alckmin para a distribuição de água em São Paulo. O tucano cobrou do governo federal maior participação da União e citou o “aparelhamento de órgãos públicos como face mais perversa do governo petista”. “Tivemos a pior crise hídrica nos últimos 80 anos. Não tivemos a parceria do governo federal”, criticou Aécio.

Minas Gerais voltou ao debate quando o tucano ressaltou elogios que recebeu de Dilma quando ele era governador do estado. A petista citou a administração tucana não teria cumprido os mínimos exigidos pela Constituição nas áreas da saúde e da educação. “Acreditei no seu choque de gestão, até ficar sabendo que você tornou Minas o segundo estado mais endividado do país”, disse a petista. Aécio rebateu, afirmando que considerou as posições de Dilma uma “ofensa à história” do estado. “Nem o fato de a senhora ter passado toda sua vida fora de Minas Gerais justifica a senhora ofender a história de Minas”, afirmou.

Um dos temas levantados pelos eleitores indecisos que participaram do debate foi o saneamento básico. Dilma afirmou que tem o compromisso de acelerar o tratamento e coleta do esgoto e que o governo federal está investindo R$ 70 bilhões em parceria com municípios. Aécio, por sua vez, disse que vai desonerar as empresas de saneamento. Os candidatos também foram perguntados sobre as melhorias na segurança pública. Aécio disse que os recursos não serão mais represados, como, segundo ele, está acontecendo. “Anunciei uma política de fronteiras, que hoje estão desguarnecidas. É por onde entram drogas e armas”, prometeu.

Já Dilma disse que durante o governo dela mais de 640 toneladas de drogas foram apreendidas e que vai priorizar a integração entre as polícias para avançar no combate a violência. Dilma cometeu um deslize ao responder a questão de uma economista, de 55 anos, sobre oportunidade de emprego para pessoas nessa idade. A candidata a orientou a fazer um curso profissionalizante.

Uma eleitora trouxe de volta o tema da corrupção em pergunta à petista. Dilma falou de projeto para aumentar a punição. “Existe uma medida que está acima de todas as outras para acabar com a corrupção: vamos tirar o PT do governo”, respondeu Aécio.

Nas considerações finais, a petista disse que o Brasil está “construindo o país do amor, da esperança e da união e da solidariedade, que valoriza o trabalho e a energia empreendedora”, afirmando ainda que mulheres, negros e jovens estão sendo “olhados”. Aécio disse ter chegado ao fim da campanha honrado pelo apoio que recebeu, reafirmou ser o candidato da mudança e citou o avô Tancredo Neves. “Combati o bom combate e vou vencer esta eleição”, encerrou.


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