e Leonardo Augusto
Vencida a batalha pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá agora que se preparar para uma nova série de desafios ao longo de seu segundo mandato.
A Câmara do Deputados, onde a própria base aliada de Dilma costuma dar trabalho para a aprovação de propostas do Palácio do Planalto, estará muito fragmentada após a eleição de deputados egressos de 28 partidos. “A Câmara ficou muito retalhada com 28 partidos e ficará dividia em relação às ações de plenário e de pauta. Acho que o Senado vai ter uma concentração maior dos debates com uma bancada de parlamentares opositores que são conhecedores do regimento, são pessoas que estudam os temas, além de ter o fato de alguns já terem sido do Executivo.
O parlamentar cita também as denúncias envolvendo a Petrobras como um dos temas que devem “contaminar” o início das atividades no Congresso. “Isso de imediato vai causar um impacto muito grande na Câmara e no Senado porque você vai ter vários deputados e senadores que, infelizmente, vão passar por um processo de cassação, que é inevitável diante de todas essas denuncias que estão apresentadas”, ressaltou o Democrata.
Em relação à questão econômica as atenções estarão voltadas para as propostas de reajustes de produtos do dia a dia dos brasileiros como gasolina e energia. “Pelas posições que tomamos nesta disputa eleitoral, estamos indo para oposição e o nosso papel será o de fiscalizar o governo e apontar eventuais equívocos. Acho que o desafio maior do Brasil será o de voltar a crescer pois a economia interna vive uma momento difícil”, afirmou ex-ministro da Integração Nacional e senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Outra pauta que deverá ser motivo de muita disputa entre governistas e opositores é a aprovação de um amplo projeto de reforma política, que se arrasta pelos últimos governos, tanto do PSDB como do PT, mas não consegue avançar no Congresso.
MINISTÉRIO A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) já tem bem definido um círculo de pelo menos seis aliados que poderão assumir cargos no primeiro escalão do governo. A maior parte é filiada ao partido e já integrou ou ainda ocupa postos na Esplanada dos Ministérios. A presidente já anunciou que no segundo mandato não terá Guido Mantega como ministro da Fazenda. Um dos cotados para o ministério da presidente reeleita é o atual responsável pela pasta do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Já ocupou o cargo também no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É ex-presidente da Petrobras Biocombustíveis e amigo da presidente desde os tempos do governo Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. Foi escalado pelo PT para blindá-la nas viagens de campanha.
O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também poderá se instalar na Esplanada. Depois de abrir mão de disputar cargo público para se dedicar à eleição de Rui Costa (PT), que venceu a disputa, Wagner é cotado para assumir cargo na área da articulação política, cargo que já ocupou no governo Lula. Foi ainda ministro do Trabalho na administração do ex-presidente. Wagner foi considerado fundamental na estratégia de campanha do PT no Nordeste, onde Dilma teve vitória esmagadora.
Atual ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante não deverá deixar a Esplanada. O auxiliar foi essencial no treinamento da presidente para o embate econômico, especialmente nos debates de televisão. O tema foi um dos mais explorados pelos adversários durante toda a campanha de reeleição da petista. Convencido a abrir mão da reeleição para deputado federal, Ricardo Berzoini assumiu a articulação política do governo com o Congresso Nacional no início do ano. O auxiliar de Dilma foi decisivo nas negociações com os partidos aliados, principalmente com o PMDB do vice Michel Temer. Além de ser cotado para pasta na área da articulação política, pode ainda substituir Paulo Bernardo no Ministério das Comunicações.
Outro cotado para o primeiro escalão do segundo mandato de Dilma é Gilles Azevedo. Responsável pela agenda dela na campanha de 2010, tornou-se chefe de gabinete da presidente durante o primeiro mandato.
Saudações de colegas latinos
Os presidentes venezuelano, equatoriano, argentino e salvadorenho saudaram ontem a vitória da colega Dilma Rousseff (PT) sobre o adversário Aécio Neves (PSDB), no segundo turno das eleições à Presidência, que lhe garantiu um novo mandato de quatro anos. “Vitória de Dilma no Brasil. Vitória do povo. Vitória de Lula e seu legado. Vitória dos povos da América Latina e do Caribe”, escreveu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em sua conta oficial no Twitter pouco depois de divulgados os primeiros resultados que deram a vitória a Dilma. A Venezuela, desde 1999 governada por um modelo socialista, tem no Brasil um de seus principais aliados políticos e comerciais. “Parabéns, Dilma, pela sua coragem e valentia diante de tanta maldade, o povo do Brasil não falhou à história, mil abraços fraternos. Dilma venceu a guerra suja e a mentira. Pôde mais a verdade de 12 anos de um povo que olha para o futuro com esperança. Parabéns”, acrescentou Maduro.
Por sua vez, a presidente argentina, Cristina Kirchner, também recorreu às redes sociais para saudar a colega brasileira. Em carta dirigida à sua “querida companheira e amiga Dilma” e publicada em sua conta no Facebook, Kirchner comemorou o resultado das eleições no Brasil que, no seu entender, “mostra a sociedade brasileira reafirmando seu compromisso inabalável com um projeto político que garanta crescimento econômico com inclusão social”. Já o presidente do Equador, Rafael Correa, comemorou, em sua conta no Twitter a “maravilhosa vitória de Dilma no Brasil”. “Nosso gigante continua com o PT”. “Parabéns, Dilma, Lula, Brasil” , disse Correa.
Saudações também vieram de El Salvador. O presidente e ex-comandante da guerrilha, Salvador Sánchez Cerén, parabenizou Dilma pela vitória. “Parabéns à presidente Dilma Rousseff e ao povo brasileiro pela vitória eleitoral neste dia”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter. “Dia de festa no Brasil e na América Latina: nossos povos decidiram continuar construindo seu bem-estar e felicidade”, acrescentou Sánchez Cerén, que na passada guerra civil de 12 anos (1980/1992) fez parte do comando geral da esquerdista Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN).