Derrotado na eleição mais apertada desde a redemocratização do país – foram 3,4 milhões de votos de diferença –, o senador Aécio Neves (PSDB) agradeceu o apoio dos mais de 51 milhões de brasileiros que o escolheram nas urnas e defendeu a união do país em torno de um projeto “honrado” para a população. Pouco depois da confirmação da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o tucano fez um rápido pronunciamento, cercado de aliados, em que contou ter ligado para a petista e desejado a ela “sucesso” nos próximos quatros anos à frente do Palácio do Planalto.
“Ressaltei que considero que a maior das prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado para todos os brasileiros”, afirmou Aécio, ao lado da esposa Letícia Weber. O tucano destacou que metade do eleitorado que foi às urnas acreditou em sua proposta de mudança. “Serei eternamente grato a cada um e a cada uma de vocês que me permitiram sonhar e acreditar em um novo projeto. As cenas que eu vivi ao longo desses meses jamais sairão da minha mente e do meu coração”, disse.
No final do rápido pronunciamento, Aécio Neves citou célebre frase do Apóstolo Paulo, dizendo que combateu o bom combate. “Mais vivo do nunca, mais sonhador do que nunca, eu deixo esta campanha ao final com o sentimento de que cumprimos nosso papel. Combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a fé. Muito obrigado a todos os brasileiros", finalizou o tucano, que deixou o salão de um hotel no Centro de Belo Horizonte sem conceder entrevista à imprensa.
Coube a aliados de Aécio falar com os jornalistas.
Questionado sobre a governabilidade diante de uma disputa tão acirrada, Serra afirmou que não se trata de uma questão de votos. “É que eles têm muita inépcia e transformaram coisas escusas em métodos de governo”, criticou. O tucano não quis fazer projeções para 2018. O senador José Agripino Maia (DEM-RN), um dos coordenadores da campanha tucana, também veio a Belo Horizonte e argumentou que o PT enfrentará um cenário “dificílimo”. “A situação da Dilma, do ponto de vista político, econômico e ético é complicada”. Ele ainda avisou que os senadores farão uma oposição altiva, consciente e enérgica. O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) disse que Aécio Neves terminou a eleição com um capital político extraordinário e se credenciou como líder da oposição.
Cerca de 300 aliados de Aécio Neves estiveram em frente e dentro do hotel onde o tucano esteve depois do resultado das urnas. Eles gritavam palavras de ordem e de apoio a Aécio, tais como “Aécio não desista” e “Aécio guerreiro, orgulho brasileiro”. Os militantes também hostilizaram Dilma Rousseff. O clima em frente ao local foi tranquilo, sem a presença de militantes do PT.
Minas Gerais A derrota de Aécio Neves em Minas Gerais por pouco mais de 500 mil votos foi lamentada por aliados no estado. Presidente da legenda no estado, o deputado federal Marcus Pestana afirmou que este é um momento de “feridas abertas” e que futuramente os tucanos tentarão entender a que se deve a vitória de Dilma entre os mineiros. “Nem na nossa pior projeção a gente pensaria num resultado desse, depois de o Aécio sair (do governo) com 92% de aprovação, fazer o que fez em Minas. Temos que descobrir os erros, mas não é neste momento”, afirmou.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), classificou de “natural” um desgaste do PSDB no estado depois de um governo de quase 12 anos. Mas lamentou o mesmo não ter acontecido no plano federal, onde o PT terá um ciclo de pelo menos 16 anos. Embora no primeiro mandato de Dilma o PSB tenha sido aliado e ocupado cargos, Lacerda confirmou que o partido integrará o grupo de oposição nos próximos quatro anos. Para ele, a presidente deverá ter como meta principal retomar o crescimento do Brasil com mudanças na política econômica. “Para a economia ser destravada, dependerá de capacidade de articulação, de credibilidade, confiança e esperança. Pelo nível que a campanha baixou, achou que tornou difícil o diálogo”, disse..