A reeleição da presidente Dilma Rousseff por uma margem justíssima de votos acima da quantidade de sufrágios obtida por seu oponente Aécio Neves (PSDB) forçará a petista a fazer concessões programáticas para governar. Além de ter que montar uma agenda econômica voltada para o crescimento, a petista terá também que montar uma nova equipe econômica já que a atual não conta mais com a credibilidade da comunidade econômica e financeira, avaliou em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortês.
A popularidade de Dilma diminuiu tanto que ela terminou a campanha eleitoral sem condições claras de reeleição. Foi reeleita, de acordo com o cientista político da Tendências, porque a economia não chegou a uma crise, de fato. "Dilma terá que apresentar uma agenda que confirme o crescimento econômico com melhoria das políticas públicas porque os questionamentos vão aumentar", disse Cortês.
Sobre a tese de que o ex-presidente Lula terá uma participação maior no segundo mandato de Dilma, especialmente na condução da política econômica, Cortês disse que isso vai depender muito dos nomes que comporão a nova equipe que traçará os rumos da economia. Para ele, Lula pode representar para o mercado a sinalização da retomada de uma política econômica em que o mercado poderá confiar, mas ele sozinho não será suficiente para resgatar a credibilidade perdida.
Frequentou neste domingo os noticiários a tese de que a ida de Lula a Brasília para acompanhar a apuração dos votos ao lado de Dilma seria uma forma de sinalizar para o mercado que o ex-presidente poderia assumir o papel de articulador da política econômica do segundo mandato de sua afilhada política. Comentou-se inclusive que o ex-presidente poderá assumir a missão de encontrar um "Henrique Meirelles" para o Banco Central do governo Dilma.