Belluzzo defende que a retomada do vigor do segmento manufatureiro no Brasil é possível e essencial para a maior inserção tecnológica do País em termos internacionais, o que inclusive vai beneficiar a geração de empregos mais especializados e melhor remunerados.
Na avaliação de Belluzzo, o segundo mandato de Dilma Rousseff também vai se caracterizar por dedicar maior foco em algumas áreas. "A inflação na meta é importante, bem como ter um superávit primário anticíclico, que varia de acordo com a força da economia", disse.
Neste contexto, quando o PIB estiver fraco, essa poupança do Orçamento deve ser pequena, inclusive porque a capacidade do Estado de arrecadar diminui muito, especialmente em função da elasticidade entre crescimento e receitas da União.
Por outro lado, Belluzzo avalia que se o País vai bem e a expansão da economia é vigorosa será possível e oportuno adotar um primário mais robusto, inclusive porque seria um mecanismo fundamental para moderar a demanda agregada e facilitar o trabalho do Banco Central para não ter que elevar os juros de forma excessiva. "Também é relevante expandir as concessões públicas em infraestrutura para alavancar os investimentos no País", ponderou Belluzzo.
Para o ex-secretário de Política Econômica não é correto avaliar que a polarização nas urnas entre eleitores do governo e da oposição significa que o Brasil está dividido. Segundo ele, é necessário distinguir a preferência do voto e a gestão de um País por um período de 4 anos.
"O voto representa a diferença de opiniões entre segmentos distintos da sociedade, que inclusive se manifestam por vários fatores, como as classes sociais", comentou. "Na democracia moderna, cabe ao governo mediar a relação entre os pontos de vistas destes diversos agentes para viabilizar uma boa administração em benefício de toda a população.".