Nas duas primeiras entrevistas depois da reeleição, a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) afirmou na noite dessa segunda-feira que o recado dado nas urnas é de “mudança”.
Dilma afirmou ter certeza que a consulta popular será possível, pois, durante a campanha, conversou com diversos setores que contribuíram com formas de se fazer um plebiscito. “O Congresso vai ter sensibilidade para perceber que isso é uma onda que avança”, disse a presidente, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo. Entre as medidas a serem discutidas, ela citou a possibilidade de proibir doações de empresas, mantendo apenas as privadas individuais – proposta defendida pelo PT.
“Existem várias propostas na mesa, a oposição fala muito em fim da reeleição”, afirmou, sobre a pauta que foi defendida por Aécio Neves (PSDB) e por Marina Silva (PSB). No início da entrevista, Dilma reforçou a mensagem de união que havia dito no discurso de vitória. “Nessa eleição, mesmo com visões e posições contraditórias, os brasileiros apresentaram uma visão comum: a busca de um futuro melhor para o Brasil. Essa busca é a grande base para que tenhamos união.”
DIÁLOGO
A presidente disse que seu segundo mandato será da construção de pontes e de diálogo.
MERCADO
Dilma afirmou que adotará de forma clara todas as medidas que pretende tomar na política econômica, mas disse que levará algum tempo para dar sinalizações e fazer anúncios relativos ao novo governo. “Pretendo colocar de forma muito clara quais são as medidas que vou tomar. Não é hoje”, disse, na entrevista à Globo.
Ela ressaltou que já havia externado que não iria esperar a conclusão do seu primeiro mandato para fazer iniciar todas as ações “no sentido de transformar e melhorar o crescimento da economia”. Dilma citou algumas ações para empresários e micro e pequenos empreendedores feitas em seu primeiro mandato, como as desonerações, e disse que vai continuar trabalhando para uma reforma tributária. “Tenho a convicção que Brasil precisa de uma reforma tributária. É impossível continuar com a sobreposição tributária e a guerra fiscal”, disse.
FAZENDA
A presidente demonstrou incômodo com perguntas, na entrevista ao Jornal da Record, sobre o novo ministro da Fazenda, já que anunciou durante a disputa eleitoral a saída de Guido Mantega. Questionada sobre o perfil do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, a petista subiu o tom. Disse que não vai ficar incentivando especulações sobre trocas ministeriais. “Gosto muito do Trabuco, mas acho que não seja o momento e a hora de discutir nomes para o próximo governo.
“Não vou discutir só um ministro, vou discutir meu ministério”. Nesse segundo turno das eleições, eu disse: governo novo, ideias novas. Eu vou com muita tranquilidade. Não tenho menor interesse nem acho que isso é importante para o país fazer uma discussão desse tipo agora”, completou.
Questionada se seria o momento de promover um choque de credibilidade para economia como o ex-presidente Lula fez em 2003, ela negou. “A situação é completamente diferente. Quando Lula foi eleito e tomou posse em 2003, tínhamos uma taxa de desemprego de 11,4 milhões, o salário vinha de trajetória de queda. Hoje temos uma situação de elevado emprego e os salários estão com ganhos reais. Temos de tomar sim algumas medidas. Não são daquele tipo, a situação conjuntural econômica e politica é outra. completamente diferente”, disse.
Com Agências
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